O principal conselheiro do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o papa Francisco não pode servir de mediador no conflito com a Rússia por ter assumido uma posição "pró-Moscou".
Essa é a declaração mais dura de um membro do governo Zelensky contra o Papa, que fez inúmeros apelos em defesa da Ucrânia e já condenou a brutalidade das tropas russas na guerra.
"Não tem sentido falar de um mediador chamado papa Francisco se este assume uma posição pró-Rússia que é evidente a todos", disse Mykhailo Podolyak, principal assessor de Zelensky, em entrevista a uma emissora ucraniana.
A declaração faz referência a um recente discurso no qual o pontífice falou a jovens russos que eles eram "herdeiros da grande mãe Rússia".
O pronunciamento provocou protestos de Kiev, que acusa Moscou de utilizar a suposta "necessidade de salvar a grande mãe Rússia" para justificar o "assassinato de milhares de homens e mulheres na Ucrânia".
O Papa, no entanto, afirmou na última segunda-feira (4) que sua fala tratava apenas do aspecto cultural, e não geopolítico, e que o objetivo era comunicar a importância de defender o patrimônio de um país em campos como literatura, música e artes plásticas.
"É uma coisa que eu digo em todo lugar, assim como quando convido ao diálogo entre avós e netos", explicou Francisco.
Contudo, as justificativas não foram suficientes para Kiev. "O Vaticano não pode ter papel de mediação porque isso enganaria a Ucrânia ou a justiça", afirmou Podolyak.
Além disso, o assessor afirmou que a Rússia está fazendo "investimentos" no Instituto para as Obras da Religião (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano. "Precisamos analisar isso de modo um pouco mais detalhado", declarou.