Voluntários têm recolhido roupas e sapatos para doar aos refugiados que chegam à Áustria pela fronteira com a Hungria.
À rádio BBC 5, um voluntário chamado Momo mostrou centenas de objetos em um posto situado no limite entre os dois países. Há centenas de sapatos, casacos e outras peças, como meias e camisetas.
“Muitos dos refugiados vêm de lugares muito quentes, como a Síria, e não têm roupas de frio com eles”, disse Momo.
Segundo o voluntário, o trabalho tem sido feito porque “muitas pessoas perderam suas coisas no caminho para a Europa, suas roupas. E agora, no frio, eles podem ficar doentes.”
A ideia do grupo é que os refugiados estejam protegidos em sua viagem para a Alemanha, destino de boa parte deles.
“Por volta de 99% das roupas, ou quase 100%, eu diria, foram doadas por austríacos”, afirmou o voluntário no local, onde as doações são classificadas.
A Cruz Vermelha também levou suprimentos, como comida, para o local.
Escalada da crise
Desde a semana passada, quando a foto do corpo do menino Alan, encontrado em uma praia na Turquia após um naufrágio, viralizou em todo o mundo, a pressão sobre os países europeus tem aumentado.
Nesta segunda, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou que o Reino Unido irá aceitar 20 mil refugiados sírios até 2020.
Segundo ele, o país tem “a responsabilidade moral” de assentar refugiados que vivem nos campos ao redor da Síria, enquanto faz tudo que pode para ajudar a pôr fim no conflito em curso no país.
A França já havia anunciado que receberia 24 mil pessoas nos próximos dois anos.
Desde 2011, 4.980 pedidos de asilos de sírios foram aceitos no Reino Unido. Desde junho, o país recebeu outras 2.204 solicitações.
Mudanças a caminho
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que o intenso fluxo de imigrantes irá "mudar" o país nos próximos anos.
Segundo ela, a Alemanha irá acelerar os procedimentos de asilo e construirá habitações para atender à demanda, mas também convocou os outros países da União Europeia a colaborar.
Merkel agradeceu aos voluntários que têm ajudado a recepcionar os refugiados e disse que eles têm "feito um retrato da Alemanha que nos deixa orgulhosos de nosso país."
Porém, acrescentou que, embora a Alemanha esteja disposta a deixar as pessoas entrarem, é hora da União Europeia também fazer a sua parte.
O país, que espera 800 mil pedidos de asilo neste ano, pode ter de arcar com um custo de até 10 bilhões de euros (R$ 42 bilhões) no próximo ano por causa do fluxo de refugiados, segundo ela.
A Comissão Europeia deve divulgar novas cotas na quarta-feira. Segundo o jornal espanhol , um total de 160 mil imigrantes devem ser assentados, incluindo os 66 mil que chegaram à Grécia, os 54 mil à Hungria e outros 40 mil que desembarcaram na Itália.