O ombudsman público da Geórgia acusou a polícia nesta terça-feira de torturar pessoas presas durante os seis dias de grandes protestos de rua contra a decisão do governo de suspender as negociações de adesão à União Europeia.
Levan Ioseliani, cuja função é defender os direitos dos cidadãos, disse que ele e seus funcionários tiveram contato com pessoas submetidas ao "tratamento mais severo" pela polícia.
"Na maioria dos casos, elas sofreram ferimentos graves no rosto, nos olhos e na cabeça, o que praticamente exclui a possibilidade de que a polícia tenha usado a força necessária e proporcional contra elas todas as vezes", disse, em um comunicado.
"O local, a natureza e o grau dos ferimentos criam uma impressão confiável de que a polícia usa métodos violentos contra os cidadãos para puni-los. A violência intencional e severa com o propósito de punição constitui um ato de tortura."
A Reuters solicitou comentários do governo e do partido governista Sonho Georgiano, mas nenhum estava disponível em um primeiro momento.
Os Estados Unidos já haviam condenado o uso de "força excessiva" contra os manifestantes. Mas o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, elogiou repetidamente a polícia por sua resposta, dizendo que ela demonstrou maior profissionalismo do que suas contrapartes na Europa e nos EUA.
O país de 3,7 milhões de habitantes está mergulhado em uma crise desde a última quinta-feira, quando o partido Sonho Georgiano anunciou que estava interrompendo as negociações com a UE e renunciando a qualquer financiamento do bloco até 2028.
A Geórgia tem sido um dos Estados sucessores mais pró-ocidentais da antiga União Soviética, mas críticos acusam o governo de abandonar essa trajetória e aproximá-lo da Rússia. A crise é observada de perto em Moscou, Bruxelas e Washington.