Autoridades do governo Trump defendem uso de lei de guerra para deportar imigrantes

Lei foi defendida mesmo após juiz ter bloqueado a medida e de a Venezuela ter negado que os deportados eram membros de gangue

23 mar 2025 - 15h05
(atualizado às 15h37)
Trump
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Foto: Reprodução/Getty Images

Autoridades do governo Trump defenderam no domingo o uso de poderes extraordinários de guerra para deportar dezenas de imigrantes venezuelanos, apesar de um juiz ter bloqueado a medida e de a Venezuela ter negado afirmações das autoridades norte-americanas de que os deportados eram membros de gangue.

"Trata-se de uma guerra moderna, e continuaremos a combatê-la e a proteger os cidadãos americanos a cada passo do caminho", disse a secretária de Justiça Pam Bondi à apresentadora da Fox News Maria Bartiromo, no programa Sunday Morning Futures.

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Bondi afirmou que a decisão do governo Trump de deportar 137 imigrantes venezuelanos no último fim de semana para El Salvador foi justificada porque eles eram membros da temida gangue Tren de Aragua da Venezuela e representavam um risco à segurança.

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, disse na sexta-feira, no entanto, que nenhum dos venezuelanos deportados pelos EUA para El Salvador era membro da gangue, a qual Washington declarou ser um grupo terrorista.

O governo usou a Alien Enemies Act de 1798, uma lei de tempo de guerra, para deportar os imigrantes, alegando que eles estavam cometendo crimes violentos e enviando dinheiro para a Venezuela.

O assessor de segurança nacional da Casa Branca, Mike Waltz, disse no programa "Face the Nation" da CBS, sem citar evidências, que o Tren de Aragua era um representante do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro.

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"A lei de sedição se aplica plenamente porque também determinamos que esse grupo está agindo como representante do regime de Maduro", declarou Waltz. "Maduro está deliberadamente esvaziando suas prisões de forma indireta para influenciar um ataque aos Estados Unidos."

O juiz distrital James Boasberg disse na sexta-feira que continuaria a investigar se o governo Trump violou sua ordem de bloquear temporariamente o uso da lei para deportações, depois de não ter conseguido desviar dois voos que transportavam os venezuelanos.

O governo Trump enfrenta o prazo de 25 de março para responder à solicitação dele de mais detalhes sobre as deportações.

Alguns juristas veem a situação como uma escalada no confronto do presidente Donald Trump com o judiciário e dizem que isso levanta preocupações de uma crise constitucional iminente.

O czar da fronteira de Trump, Tom Homan, disse ao programa "This Week" da ABC News que não desafiaria a ordem de Boasberg, mas reiterou que o governo Trump continuaria a prender os imigrantes que considerasse perigosos.

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"Vamos continuar a prender ameaças à segurança pública e à segurança nacional", afirmou Homan. "Continuaremos a visar os piores dos piores."

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