Biden alerta para formação de oligarquia nos EUA que ameaça democracia

16 jan 2025 - 08h38

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encerrou uma carreira política de meio século na quarta-feira com um último discurso no Salão Oval, na esperança de selar um legado ofuscado pelo fracasso dos democratas em impedir o retorno de Donald Trump à Casa Branca.

Biden abriu seu discurso com uma mensagem familiar -- pedindo aos norte-americanos que se unam -- mas rapidamente alertou sobre uma perigosa concentração de riqueza nos Estados Unidos.

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"Nosso sistema de separação de poderes, freios e contrapesos pode não ser perfeito, mas tem mantido nossa democracia por quase 250 anos, mais tempo do que qualquer outra nação na história que já tentou um experimento tão ousado", disse Biden.

Mas ele advertiu sobre um "complexo industrial de tecnologia" que está trazendo uma "avalanche de desinformação, permitindo o abuso de poder". A imprensa livre, acrescentou ele, "está desmoronando".

Biden passa o poder para Trump ao meio-dia (14h em Brasília) de segunda-feira. Trump recrutou o bilionário Elon Musk, que ajudou em seus esforços eleitorais, como conselheiro especial encarregado de cortar custos do governo federal.

O discurso ocorre em um momento em que o Partido Democrata de Biden tem pouca influência na política nacional e Trump nomeou uma lista de membros do gabinete que se comprometeram a derrubar as alianças norte-americanas tradicionais e as normas de governo.

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Biden concorreu à Presidência em 2020 como uma figura de transição, mas optou, com a idade sem precedentes de 80 anos, por concorrer à reeleição, convencido de que era o único democrata que poderia derrotar Trump.

Forçado a sair da disputa em julho após um debate desastroso contra Trump, Biden foi responsabilizado por alguns democratas pela derrota em novembro, depois que a campanha turbulenta da vice-presidente Kamala Harris perdeu em todos os Estados decisivos.

Biden e seus aliados supervisionaram a recuperação da Covid-19, financiaram um renascimento da infraestrutura, estimularam a fabricação de novos chips semicondutores e combateram as mudanças climáticas enquanto tentavam reequilibrar a desigualdade e investir no futuro. Ele deixa uma economia norte-americana de alto desempenho e empresas otimistas.

Mas Biden não conseguiu curar as divisões no país da maneira que esperava, nem impedir o retrocesso democrático no mundo. Sua maior conquista política -- derrotar Trump em 2020 -- foi temporária. Agora, o presidente eleito republicano prometeu desfazer muito do que o governo democrata realizou.

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"Tudo o que Joe Biden queria era ser lembrado pelas grandes coisas que fez por este país e, pelo menos no curto prazo, elas foram eclipsadas por sua decisão mal concebida de concorrer", disse David Axelrod, ex-conselheiro do presidente Barack Obama.

Biden abordou o que ele descreveu como uma ameaça contínua ao país em uma carta divulgada na quarta-feira pela Casa Branca.

"Eu me candidatei à Presidência porque acreditava que a alma dos Estados Unidos estava em jogo. A própria natureza de quem somos estava em jogo. E esse ainda é o caso", afirmou ele, pedindo aos norte-americanos que continuem lutando pelo foco do país na igualdade, vida, liberdade e busca da felicidade.

Uma autoridade da Casa Branca disse que os legados são estabelecidos a longo prazo.

"Em termos históricos, passou-se um milésimo de segundo desde a eleição. Este presidente obteve o registro legislativo mais significativo desde LBJ (presidente Lyndon Johnson na década de 1960), e os benefícios irreversíveis dessas leis crescerão ao longo de décadas", declarou a autoridade.

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