Boca de urna dá vitória à esquerda em eleição na Itália

Emilia-Romagna era atalho para Salvini voltar ao poder

26 jan 2020 - 19h44
(atualizado às 20h08)

Pesquisas de boca de urna apontam que a centro-esquerda conseguiu evitar uma vitória do ex-ministro Matteo Salvini nas eleições regionais da Emilia-Romagna, um histórico bastião "vermelho" no norte da Itália.

Stefano Bonaccini, candidato à reeleição como governador da Emilia-Romagna
Stefano Bonaccini, candidato à reeleição como governador da Emilia-Romagna
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Uma sondagem do instituto Tecnè coloca o governador Stefano Bonaccini, do social-democrata Partido Democrático (PD), entre 46,% e 50,5% dos votos. Já Lucia Borgonzoni, da ultranacionalista Liga, legenda liderada por Salvini, aparece com 43,5% a 47,5%.

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Já uma pesquisa divulgada pela emissora pública Rai dá de 48 a 52% para Bonaccini e 43% a 47% para Borgonzoni. Simone Benini, candidato do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), está com 6% ou menos nas duas sondagens.

Governada pela esquerda desde sua instituição, em 1970, a Emilia-Romagna era vista como um atalho para Salvini voltar ao poder na Itália. Seu projeto era colocar a Liga no governo de uma das regiões mais "vermelhas" do país e aumentar a pressão sobre o primeiro-ministro Giuseppe Conte, que comanda uma instável coalizão entre partidos de esquerda, de centro e o M5S, formada com o objetivo de evitar eleições antecipadas.

A Liga lidera todas as pesquisas de intenção de voto em âmbito nacional e, no caso de novas eleições legislativas, poderia conquistar a maioria no Parlamento no comando de uma coalizão com outros partidos de direita.

A perspectiva de uma vitória de Salvini na Emilia-Romagna deu origem ao movimento das "sardinhas", que desde o fim do ano passado lotou praças e ruas da região e do restante do país para conter o avanço da extrema direita.

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Apesar de se professarem apartidárias, as "sardinhas" têm viés abertamente progressista, e uma eventual vitoria de Bonaccini será parcialmente creditada à mobilização gerada pelo movimento.

A votação teve participação de 66,49% dos eleitores, segundo dados ainda preliminares, quase o dobro dos 36,83% registrados um ano antes.

Já na Calábria, outra região governada pelo PD, as pesquisas de boca de urna dão uma vitória tranquila de Jole Santelli (49% a 53%), do conservador Força Itália (FI), aliado da Liga, sobre o independente de esquerda Pippo Callipo (31% a 33%).

Avanço

Mesmo fora do poder, Salvini segue com a popularidade em alta e, no fim de outubro, alcançou uma vitória avassaladora nas eleições regionais na Úmbria, outro antigo bastião da esquerda italiana.

Desde as eleições legislativas de 4 de março de 2018, quando o secretário da Liga assumiu a liderança da coalizão de direita com o moderado FI e o extremista Irmãos da Itália (FdI), a aliança vem colecionando vitórias nas urnas.

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De lá para cá, sete regiões governadas pelo PD, maior força de esquerda no país, realizaram eleições, e a coalizão conservadora venceu em todas. Entre maio e junho de 2020, outras seis regiões italianas devem eleger novos governadores: Campânia, Marcas, Puglia e Toscana, controladas pela esquerda, e Ligúria e Vêneto, comandadas pela direita.

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