Os bolivianos desmontaram bloqueios vias e fizeram acordos de paz após um mês de protestos e confrontos mortais, que convulsionaram a nação dividida na esteira de uma eleição contestada em outubro e da renúncia do presidente Evo Morales.
Nesta segunda-feira, centenas de pessoas da cidade de Sacaba, uma das mais atingidas pela violência, fizeram um minuto de silêncio pelas 33 pessoas que morreram desde a votação de 20 de outubro. A maior parte delas foi morta nas últimas duas semanas.
Da região montanhosa de Cochabamba à capital de fato de La Paz os sinais são de que os piores episódios de violência podem ter passado --políticos rivais e líderes cívicos se organizaram para realizar novas eleições e recuar dos confrontos.
"Estamos voltando ao normal depois de algo muito duro e muito dramático, mas acho que estamos progredindo", disse a presidente interina Jeanine Añez a repórteres nesta segunda-feira. No domingo ela sancionou a lei para a realização de novas eleições.
A Bolívia, comandada por Morales desde 2006, mergulhou no caos depois que o pleito do mês passado foi ofuscado por uma polêmica decorrente dos indícios crescentes de que foi fraudado a favor do líder de esquerda. Morales acabou sendo forçado a renunciar em meio a protestos generalizados e depois de a polícia e os militares retirarem seu apoio.
Mas sua renúncia no dia 10 de novembro desencadeou um período violento e volátil, já que seus apoiadores interditaram rotas estratégicas para deter a circulação de alimentos e combustíveis nas grandes cidades e os militares foram enviados às ruas para enfrentá-los.
As mortes ocorridas desde então elevaram a pressão sobre o governo provisório de Añez, e apoiadores de Morales a culparam pela violência. Já ela e os militares dizem que não usaram força excessiva e culpam Morales, hoje no México, por atiçar os tumultos.
"Tivemos muitos tropeços, mas esperamos que, daqui por diante, consigamos seguir em frente e realizar eleições muito em breve", acrescentou Añez.
Em Sacaba, onde nove pessoas morreram em choques com as forças de segurança, Andrónico Rodríguez, chefe de um sindicato importante de plantadores de coca e aliado de Morales, disse à Reuters nesta segunda-feira que agora grupos mobilizados trabalharão para "pacificar o país e se preparar para a próxima eleição".