O Brasil concordou em assinar um documento da OEA (Organização dos Estados Americanos) que critica o governo da Nicarágua por conta de violações de direitos humanos. A equipe brasileira na organização assinou o documento na sexta-feira, 23, durante a 53° Assembleia Geral, que foi realizada em Washington, Estados Unidos.
O documento costurado na OEA pede que o país da América Central "cesse toda violação dos direitos humanos e respeite os direitos civis e políticos".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já foi próximo do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, e sempre se esquivou de críticas mais fortes ao governante.
O governo já se pronunciou sobre o caso em fóruns multilaterais, mas sob pressão. Primeiro, o Brasil deixou de aderir a uma declaração conjunta de 50 países que denunciavam os crimes contra a humanidade do regime de Ortega. Depois, em separado, afirmou no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que a situação era de sérias violações e ofereceu acolhida aos dissidentes que perderam a nacionalidade por ordem de Ortega.
Papa Francisco pede mediação de Lula
Durante visita oficial ao papa Francisco no Vaticano, Lula afirmou que iria tentar mediar a relação da Igreja Católica com o regime de Daniel Ortega. Lula apontou que vai falar com Ortega sobre a prisão do bispo de Matagalpa, Rolando Alvarez, que está em prisão domiciliar e foi condenado a 26 anos pelo regime sandinista.
"A Igreja está com problema na Nicarágua, porque tem bispo preso. A única coisa que a Igreja quer é que a Nicarágua libere o bispo para vir para a Itália. E eu pretendo falar com Daniel Ortega a respeito, para ele liberar o bispo. Não tem por que o bispo ficar impedido de exercer suas funções na Igreja. Não existe essa possibilidade. Eu vou tentar ajudar se puder ajudar", disse Lula, em entrevista coletiva na Itália.
O bispo é o principal nome da Igreja Católica atingido por restrições à liberdade impostas pelo governo da Nicarágua, num recrudescimento do regime. Acusado de traição da pátria, o clérigo se recusou a deixar o país junto a um grupo de mais de 200 deportados aos Estados Unidos, entre eles padres e seminaristas.