A maquiadora Marcela Carvalho, de 25 anos, usou as redes sociais para relatar os momentos de terror que viveu durante uma viagem a Paris, na França. Em um vídeo, ela conta que, junto das amigas, foi roubada e agredida por sete homens armados que invadiram o apartamento onde elas estavam hospedadas na capital francesa.
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O relato foi publicado na quarta-feira, 4, nos perfis dela no Instagram e no Tik Tok. Segundo ela, o crime aconteceu no último dia da viagem, por volta das 20h. Ela e duas amigas estavam no apartamento, esperando outra amiga, que ainda estava na rua e tinha informado que estaria voltando.
Depois de alguns minutos, bateram na porta. Imaginando ser a colega, elas abriram. Porém, eram os criminosos. “Ela já foi recebida com socos. Eram sete homens armados, que estavam falando francês, uma língua que a gente não entende. Eles invadiram o apartamento gritando muito. A gente não entendia o que eles falavam. Estávamos apenas nós três no apartamento”, relembra.
Ela e uma segunda amiga foram arrastadas pelos cabelos e levadas para o quarto. “Eu já estava em estado de choque, de pânico. Começaram a bater muito na gente. Perceberam que a gente era latina, então, começaram a falar: ‘La plata, la plata, la plata’. A gente dizia que não tinha. Foi muito terrível. Foram minutos desesperadores”, conta.
“A pior parte pra mim é que eles entravam e saiam do quarto, mas tinham dois que estava lá e mandando a gente ficar em silêncio. [Quando] ele foi colocar uma bala na agulha pra me ameaçar, uma bala caiu no chão e quando vi aquela bala no chão, percebi que a arma não era de brinquedo e eu entrei em pânico. Comecei a tremer e gritar muito”, relata emocionada.
Marcela conta que a amiga tentou acalmá-la, mas foi agredida com a arma. A vítima diz que manteve os olhos fechados e orou para quem não ocorresse o pior. Quando a quarta amiga chegou, começou a tocar o interfone. Com o som, os criminosos se mobilizaram e foram embora.
Interrogadas pela polícia
A vítima conta que elas ficaram sem nada. Foram levados itens de luxo comprados na viagem, pertences e documentos. “Estava tudo revirado. Eu estava em pânico, minhas amigas estavam machucadas”, relembra. Com auxílio de outra pessoa, o grupo conseguiu acionar a polícia, mas Marcela conta que passaram por um interrogatório.
As autoridades francesas questionaram por que elas estavam no país e por que estavam sozinhas. Elas foram encaminhadas para uma delegacia e prestaram depoimento até as 8h do dia seguinte. Segundo a maquiadora, durante este período, não conseguiu contatar ninguém.
“Eu tive que provar tudo. Eu tive que provar como me mantinha, como eu fui, quem comprou a passagem, o que meu pai faz, o que minha mãe faz, se eu tinha condição de me manter ali, onde eu fui, o que eu visitei. Tudo. Foi muito desagradável”, relembra.
Uma vez que tudo foi comprovado, as autoridades pediram desculpas pelo protocolo e informaram que é um procedimento normal. As vítimas fizeram corpo de delito, onde foi comprovado o nível dos ferimentos. Ela detalha que as amigas ficaram muito feridas com as agressões e precisaram ir para o hospital.
Marcela conta que tentou ser ressarcida pelo Airbnb, plataforma por onde tinha alugado o apartamento, para usar o dinheiro para ir para outro local, pois estavam com medo de continuar ali. Porém, só recebeu um retorno dois dias depois e teve a reserva cancelada por “segurança”. Segundo ela, em troca, foi oferecida uma estadia em um hotel por três dias.
O dono da casa foi até o local e afirmou que iria fazer o ressarcimento, mas que era algo que a plataforma deveria fazer.
Em nota ao Terra, a Airbnb afirmou que leva casos como este muito a sério e que reembolsou integralmente a vítima.
“O Airbnb leva casos como este muito a sério, reembolsou integralmente a reserva e continua a oferecer suporte à hóspede. A Central de Ajuda do Airbnb está disponível 24 horas, 7 dias por semana, para ajudar hóspedes e anfitriões”, disse.
Críticas à embaixada
No vídeo, Marcela diz que procurou o Consulado-Geral do Brasil em Paris, mas que não foi bem atendida. De acordo com ela, chegou a ser impedida de entrar por um segurança, que a teria ameaçado de chamar a polícia.
“Surpreendentemente, a gente foi recebido super mal lá. O segurança da porta não queria deixar a gente entrar. [...] Gente, a gente paga tantos impostos e quando a gente vai realizar um sonho, acontece isso. Nem a embaixada do nosso País, na hora de cobrar o que a gente deve cobrar, a gente toma portada (sic.) na cara”, lamenta.
Segundo ela, o órgão informou apenas que ela deveria enviar um e-mail, relatando o que aconteceu, o que a deixou indignada. “Eu falei assim: ‘Vocês estão entendendo que eu não tenho nada. Eu não tenho dinheiro. Eu não tenho telefone. Eu não tenho como entrar em contato com ninguém. Depois de muito bater boca com o pessoal, eles me deram uma folha e eu escrevi uma carta à mão. [...] Entreguei lá, e o porteiro falou simplesmente: ‘Pode ir embora’”, conta.
Ela explica que tentou conversar e informou que o problema dela ainda não havia sido resolvido. Segundo ela, um dos seguranças ameaçou chamar a polícia para retirá-la, mas outro afirmou que ela não poderia sair dali, visto que era uma embaixada.
“Eles só me emprestaram um telefone para eu conseguir falar com as minhas amigas, com a minha família, minha comunicação estava muito complicada”, comenta a maquiadora.
Ela detalha que chegou a receber ajuda de outros brasileiros e, desta forma, conseguiu voltar pra casa.
“Se atentem a ficarem em Airbnb, principalmente se vocês estiverem sozinhas. Se vocês forem viajar só, fiquem em hotel e, mesmo assim, tomem as devidas seguranças nesse hotel. [...] Bens materiais a gente recupera, pelo menos, estou viva e fisicamente bem. Psicologicamente, vai demorar um pouquinho, mas eu tenho certeza que vou ficar, sim”, conclui.
O Terra entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) para questionar sobre a situação relatada por Marcela, mas ainda não obteve retorno.