O imigrante brasileiro Caio Castro Benício, de 43 anos, tornou-se um herói em Dublin, na Irlanda, quando impediu que um homem armado com uma faca matasse uma menina de 5 anos e a professora que tentava defendê-la.
Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, Caio ficou 'famoso da noite para o dia', recebeu medalha das mãos do primeiro-ministro Leo Varadkar, concedeu entrevistas e ainda faturou ao menos R$ 2 milhões em doações feitas através de uma vaquinha, que não foi criada por ele.
"Minha vida virou de cabeça para baixo", disse o brasileiro em entrevista ao O Globo. Ele ainda contou que chegou a oferecer o valor arrecadado à família da criança, para arcar com seu tratamento, mas eles optaram por não aceitar a ajuda.
"Eu nem sabia dessa vaquinha. Fiquei sabendo dois ou três dias depois do ocorrido, porque um roommate veio me perguntar se eu sabia dela, porque poderia ser alguém querendo se aproveitar da situação. A essa altura já tinha uns 15 mil euros (cerca de R$ 80 mil)", explicou o brasileiro, que conta que a plataforma entrou em contato com ele e o cadastrou como beneficiário.
"No dia seguinte, meu nome saiu aqui nos jornais e as doações explodiram. Eu não tenho a menor ideia do que fazer com esse dinheiro. Minha ficha não caiu. Não tenho a menor ideia do que vou fazer da minha vida daqui para frente."
Caio conta que agiu "por instinto" para salvar a garota usando seu capacete de entregador. "Eu parei a moto imediatamente, joguei no chão e ainda o vi apunhalando a faca nela, umas três vezes. Meu pensamento foi descer da moto e fazer aquele cara parar. Eu não tive tempo de pensar em nada, agi por instinto. Nunca havia feito nada parecido. Não quis ser herói. Meu único pensamento era 'esse cara não pode mais enfiar a faca nessa menina'. Tirei o capacete, golpeei ele na cabeça com toda a força que eu tinha e numa pancada só ele desabou", revelou.
O brasileiro afirma ainda que se sentiu desconfortável com a repercussão positiva sobre ele enquanto havia vítimas, sobretudo a menina de 5 anos, ainda internadas, em estado crítico. "Estava me sentindo mal com essa história de herói, vaquinha, enquanto uma garotinha lutava pela vida dela. Lógico que me senti agradecido com o reconhecimento, mas me deixou desconfortável. Até que, após um boato falso de que a garotinha havia morrido, ele decidiu ir ao hospital, e se surpreendeu ao ser bem recebido pelos pais dela", finalizou.