Brasileiros em Gaza têm comida para cinco dias e seguem sem sinal de celular e internet

Neste sábado, 28, conflito entre Israel e Hamas chega ao 22º dia; exército israelense segue no norte da Faixa de Gaza

28 out 2023 - 08h38
Fumaça emerge em Gaza após ataque de Israel, vista do sul de Israel (24/10/2023 )
Fumaça emerge em Gaza após ataque de Israel, vista do sul de Israel (24/10/2023 )
Foto: Reprodução/REUTERS/Violeta Santos Moura

O grupo de 30 brasileiros que aguardam aval do governo israelense para deixar Gaza têm comida armazenada para os próximos cinco dias, contados a partir deste sábado, 28. Eles fizeram o estoque prevendo a intensificação dos bombardeios de Israel no território e considerando uma possível invasão por terra. Há também pouca água disponível para consumo. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Segundo o jornal, pela colunista Mônica Bergamo, os brasileiros abasteceram suas cozinhas fazendo compras nas cidades de Rafah e Khan Yunes, no sul de Gaza, onde estão abrigados. Na ocasião, os estabelecimentos ainda não tinham sido atingidos por bombas.

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O conflito entre Israel e Hamas chegou ao 22º dia neste sábado. Nesta manhã, a Faixa de Gaza continuou sendo bombardeada e, após a terceira incursão terrestre das Forças de Defesa de Israel (IDF) em três dias, o exército israelense permanece na região.

O porta-voz e contra-almirante das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, confirmou a presença do exército no norte de Gaza e disse que os cidadãos de Gaza que se deslocaram para o sul do enclave palestino receberão ajuda humanitária: "Estamos ampliando o esforço humanitário, vamos trazer hoje mais caminhões com água e remédios. Os cidadãos de Gaza que se mudaram para o sul da Faixa de Gaza, que é uma área protegida, receberão assistência".

Sinais cortados

A Faixa de Gaza ainda está isolada do resto do mundo, com a interrupção dos sinais de telecomunicações e de Internet imposta por Israel. A embaixada brasileira na Palestina informou na sexta-feira, 27, que perdeu contato com os brasileiros que estão abrigados próximos à fronteira com o Egito. "Estamos sem conseguir contatá-los. Estamos tentando, só dá fora de área", disse o embaixador Alessandro Candea ao jornal O Globo. 

As Forças de Defesa de Israel intensificaram os bombardeios à Gaza, e cortaram o acesso à internet e telefonia dos palestinos. A Faixa de Gaza, que já estava sem energia elétrica, sem combustível e praticamente sem água potável, agora está também incomunicável.   

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A empresa palestina de telecomunicações Jawwal disse em uma postagem nas redes sociais, nesta sexta-feira, 27, que os serviços de telefonia móvel e internet foram desligados. "Não temos internet, não temos nenhum tipo de sinal em nossos telefones, ficamos totalmente isolados no território", disse em comunicado. 

O Crescente Vermelho (como é chamada a Cruz Vermelha em países árabes) também perdeu completamente o contato com os seus funcionários em Gaza. 

Alvos subterrâneos

Na manhã deste sábado, o exército israelense afirmou ter atingido 150 alvos subterrâneos no norte de Gaza - incluindo túneis, espaços de combate subterrâneos e infraestrutura subterrânea adicional. Dentre os mortos, dizem ter matado um oficial do Hamas encarregado de “paramotores, drones, equipamentos de detecção e defesa antiaérea".

"Asem Abou Rakaba participou na organização do massacre nas comunidades fronteiriças da Faixa de Gaza em 7 de outubro", afirma o comunicado da IDF.

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Jornalistas desprotegidos

As Forças de Defesa de Israel afirmaram que não podem garantir a segurança dos repórteres que trabalham na Faixa de Gaza. A declaração foi dada às agências de notícias Reuters e Agence France-Presse. Desde o início do conflito entre Israel e Hamas, ao menos 27 jornalistas foram mortos.

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Em resposta às solicitações das agências jornalísticas para que seus profissionais não fossem atacados, o exército respondeu que “está atacando todas as atividades militares do Hamas em toda a Faixa de Gaza”.

"Nessas circunstâncias, não podemos garantir a segurança de seus funcionários e pedimos encarecidamente que tomem todas as medidas necessárias para a segurança deles", acrescentou a carta do exército de Israel.

Entenda os principais pontos da guerra entre Israel e Hamas:

  • Desde o início do conflito, mais de 7.326 palestinos morreram, sendo 3.038 crianças e 1.726 mulheres, e mais de 18 mil ficaram feridos; do lado israelense, 1.405 israelenses morreram, sendo 305 soldados e 57 policiais, e há mais de 5.431 feridos;
  • Estima-se que 220 pessoas, a maioria israelenses, foram sequestradas pelo Hamas e levadas para Gaza; apenas 4 já foram libertadas;
  • Em 22 dias de conflito cerca de 45% das residências de Gaza foram totalmente ou parcialmente destruídas;
  • O Hamas é uma organização militar, política e social que comanda a Faixa de Gaza desde 2007, quando venceu as eleições legislativas palestinas. O grupo é considerado uma organização terrorista por países da União Europeia e pelos Estados Unidos, mas não pela ONU;
  • A Faixa de Gaza vive sob um intenso bloqueio terrestre, aéreo e marítimo, com restrições de entrada de suprimentos básicos, desde 2007, sendo considerada uma 'prisão a céu aberto' por analistas, pesquisadores e entidades de direitos humanos;
  • Os palestinos reivindicam a criação de seu Estado (que inclui a Cisjordânia) desde 1948; 
  • Em 7 de outubro, o Hamas realizou a maior onda de ataques contra Israel;
  • Benjamin Netanyahu declarou guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo; 
  • Israel intensificou o bloqueio à Faixa de Gaza, cortando o abastecimento de energia elétrica, combustível e água, criando uma crise humanitária sem precedentes em Gaza, após mais de duas semanas de conflito praticamente não há mais água potável em Gaza;
  • Hamas ameaçou matar os reféns israelenses em retaliação à resposta militar israelense;
  • Entidades alertam para o risco de agravamento da crise humanitária em Gaza. Com os hospitais e necrotérios sobrecarregados, palestinos usam carros de sorvete e refrigeradores de alimentos para armazenar corpos;
  • Cerca de 1.400 milhão de palestinos deixaram as suas casas em busca de refúgio no sul de Gaza; a população total da Faixa de Gaza é de 2,3 milhões, sendo 47% crianças;
  • Bombardeio ao Hospital Batista Al-Ahli, em Gaza, deixou ao menos 500 mortos; Israel acusou a Jihad Islâmica pelo bombardeio. O grupo negou;
  • A terceira igreja mais antiga do mundo, a Igreja de São Porfírio, localizada na Faixa de Gaza, foi bombardeada na noite de quinta-feira, 19;
  • Representante palestino na ONU pediu um cessar-fogo imediato;
  • Estados Unidos vetaram a resolução brasileira no Conselho de Segurança da ONU; textos propostos pelos EUA e Rússia também são vetados;
  • Preparativos para a incursão terrestre em larga escala em Gaza aumenta; 
  • No dia 27 de outubro, a Assembléia Geral da ONU aprovou resolução que pede pausa humanitária em Gaza;
  • Governo já repatriou mais de 1.135 brasileiros na operação Voltando em Paz;
  • Ajuda humanitária começa a chegar em Gaza apenas no dia 20 de outubro, 13 dias após o início do conflito.
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* Com informações do Estadão Conteúdo

Fonte: Redação Terra
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