A Câmara dos Deputados da Bolívia não teve quórum nesta terça-feira (12) para discutir a sucessão do ex-presidente Evo Morales, que renunciou ao cargo no último domingo (10).
A assembleia se reuniu para examinar a carta de demissão do mandatário e de seu vice, Álvaro García Linera, porém quase todos os deputados do Movimento ao Socialismo (MAS), que detém dois terços dos assentos, não se apresentaram.
O partido é liderado por Evo, que desembarcou no México nesta terça-feira, após ter recebido asilo político do país. A Constituição determina que, em caso de vacância da Presidência, o cargo passa a ser ocupado pelo vice.
Com a renúncia de Linera, os seguintes na linha sucessória seriam os presidentes do Senado (Adriana Salvatierra) e da Câmara (Victor Borda), mas ambos também entregaram seus cargos. Neste caso, a Constituição obriga a convocação de eleição em até 90 dias, mas a Bolívia precisará de um presidente para conduzir o processo.
A favorita é Jeanine Áñez, segunda vice-presidente do Senado e integrante do partido de oposição Movimento Democrata Social, de direita. O MAS, no entanto, controla dois terços do Parlamento e tem o poder de obstruir as sessões.
Evo tentava obter um quarto mandato nas urnas e chegou a ser declarado vencedor da eleição presidencial de 20 de outubro, mas o candidato de oposição Carlos Mesa não reconheceu o resultado e foi às ruas para protestar.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou irregularidades na apuração, e o então presidente decidiu convocar um novo pleito. No entanto, após pressões de sindicatos, da Polícia, das Forças Armadas e dos manifestantes liderados pelo radical cristão Luis Fernando Camacho, Evo renunciou ao cargo.