Caso Qasem Soleimani: Parlamento iraquiano pede expulsão de tropas americanas do país

Medida não vinculante é primeiro grande desdobramento político da morte do general Soleimani, pelos EUA, no Iraque.

5 jan 2020 - 13h36
(atualizado às 13h43)
Homenagem fúnebre a Soleimani no Iraque no sábado; general iraniano tinha forte influência no país vizinho
Homenagem fúnebre a Soleimani no Iraque no sábado; general iraniano tinha forte influência no país vizinho
Foto: EPA / BBC News Brasil

No primeiro grande desdobramento político da morte do general iraniano Qasem Soleimani, o Parlamento iraquiano votou, neste domingo (5/1), uma resolução pedindo que as tropas americanas deixem o Iraque.

Soleimani foi morto na quinta-feira em um ataque aéreo dos EUA em um comboio que saía do aeroporto de Bagdá, e o general tinha forte influência sobre milícias xiitas no país vizinho ao seu. O ataque matou também Abu Mahdi al-Muhandis, líder de uma dessas milícias.

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A resolução parlamentar — que pede que o governo revogue seu pedido por assistência da coalizão militar liderada pelos EUA — não é vinculante, mas deve ter impacto na política do país, uma vez que o próprio premiê do Iraque, Adel Abdul Mahdi, já havia pedido ao Parlamento pusesse fim à presença militar estrangeira no país.

"Apesar das dificuldades internas e externas que podemos enfrentar, isso é melhor para o Iraque, em princípio e na prática", afirmara Mahdi.

O Parlamento também defendeu que forças estrangeiras sejam impedidas de usar as terras, águas e espaço aéreo iraquianos.

Hoje, os EUA têm cerca de 5 mil militares no país, a maior parte deles em cargos de apoio às forças do país.

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Morte de SoleimaniDesde o ataque contra Soleimani, líderes xiitas rivais têm pedido que tropas americanas sejam expulsas do Iraque, em uma incomum demonstração de unidade entre facções que costumam disputar o poder entre si, informa a agência Reuters.

A morte do general iraniano também causou comoção popular: ele foi homenageado, no sábado, com uma procissão fúnebre que atraiu multidões às ruas de Bagdá e de outras cidades sagradas iraquianas.

No âmbito geopolítico, o Iraque vive uma situação delicada: é tanto aliado dos EUA quanto do vizinho Irã, que prometeu vingança contra os americanos pela morte de Soleimani.

Milhares de soldados americanos permanecem em território iraquiano, para ajudar no combate contra o grupo sunita autodenominado Estado Islâmico.

Mas o governo iraquiano encarou o ataque de quinta-feira como uma violação de sua soberania e dos termos que regulam a presença americana no Iraque.

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Ao mesmo tempo, diversas milícias xiitas iraquianas têm o apoio do Irã, e existe a possibilidade de que elas também busquem revanche pela morte de Soleimani.

Em meio à tensão, os EUA haviam orientado seus cidadãos a deixar o Iraque imediatamente e enviou mais 3 mil militares ao Oriente Médio.

O presidente americano Donald Trump, que autorizou o ataque contra Soleimani, afirmou que qualquer ação iraniana contra seus cidadãos ou interesses na região sofreria retaliação.

A resolução aprovada neste domingo pelo Parlamento também pede que o governo iraquiano faça uma queixa formal na ONU por "violar seriamente a soberania e a segurança do Iraque".

Depois da votação, o premiê Mahdi pediu que a presença militar americana seja encerrada o mais rápido possível.

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