Catalunha se recusa a desistir de independência; separatistas fazem protestos

17 out 2017 - 19h10

A Catalunha se recusou nesta terça-feira a aceitar a exigência do governo espanhol de renunciar uma declaração simbólica de independência, colocando-a em uma rota de colisão política com Madri nesta semana.

Protesto em Barcelona contra prisão de líderes separatistas
 17/10/2017    REUTERS/Ivan Alvarado
Protesto em Barcelona contra prisão de líderes separatistas 17/10/2017 REUTERS/Ivan Alvarado
Foto: Reuters

O governo espanhol ameaçou colocar a Catalunha, que representa um quinto da economia, sob controle central direto caso seu governo não abandone a independência até quinta-feira.

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Mas o governo da Catalunha rejeitou o prazo do primeiro-ministro Mariano Rajoy.

"Desistir não faz parte dos cenários deste governo", disse o porta-voz do governo catalão, Jordi Turull. "Na quinta-feira, nós não daremos nada diferente do que demos na segunda-feira".

A maior crise política da Espanha em décadas se agravou na noite de segunda-feira, quando o Supremo Tribunal de Madri determinou a prisão dos chefes dos dois principais grupos separatistas da Catalunha pendendo uma investigação por suposta insubordinação.

O governo catalão acusou Madri de deter "prisioneiros políticos", e dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se ao longo da avenida Diagonal, em Barcelona, para pedir a libertação deles.

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As pessoas levantaram velas acesas, assobiaram e gritaram "liberdade" e "fora forças de ocupação".

"Não deveria haver prisioneiros políticos em um país democrático no século 21. Este país não é democrático. Estou aqui para apoiar a democracia", disse Alicia Cabreriza, programadora de computação, de 26 anos.

Os protestos terminaram pacificamente por volta das 18h (horário de Brasília).

O líder catalão, Carles Puigdemont, em um tuíte após as detenções, disse: "Infelizmente, nós temos prisioneiros políticos novamente".

A frase foi uma alusão à ditadura militar sob Francisco Franco, quando a cultura e língua catalã foram sistematicamente reprimidas. A publicação carrega uma ressonância emotiva, uma vez que o fascismo ainda é uma memória viva para muitos espanhóis.

O ministro da Justiça, Rafael Catala, respondeu dizendo que a prisão dos líderes da Assembleia Nacional Catalã e Omnium foi uma decisão judicial, e não política.

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"Nós podemos falar de políticos na prisão, mas não de prisioneiros políticos", disse. "Estes não são prisioneiros políticos porque a decisão da prisão de ontem foi por conta de um (suposto) crime."

A crise aprofundou divisões no coração da jovem democracia espanhola, destacando o complexo senso de nacionalismo na quarta maior economia da zona do euro. Em Madri, moradores enfeitaram suas casas com bandeiras nacionais espanholas, enquanto prédios em Barcelona estavam repletos de bandeiras catalãs.

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