Conservador Karl Nehammer não conseguiu assegurar coalizão majoritária no Parlamento. País foi às urnas em setembro e deu vitória à ultradireita, que agora pode acabar fazendo parte do governo.O chanceler da Áustria e conservador Karl Nehammer anunciou neste sábado (04/01) que renunciará ao cargo, após fracassar na tentativa de formar uma coalizão no Parlamento. A renúncia deve ser formalizada nos próximos dias.
"Vou renunciar como chanceler e líder do Partido Popular Austríaco", anunciou Nehammer após não conseguir selar um acordo para governar o país ao lado dos social-democratas.
O austríaco prometeu trabalhar por uma "transição ordeira" de poder no governo.
O partido de Nehammer, conhecido pela sigla ÖVP, mantinha conversas com os social-democratas e liberais. Na sexta-feira, porém, os liberais abandonaram as negociações, alegando que não havia disposição dos demais para reformas.
Um acordo com os social-democratas era considerado particularmente difícil, já que eles têm ideias muito distintas dos conservadores sobre como administrar o Orçamento e lidar com a crise econômica.
"O ÖVP queria que o imenso rombo orçamentário que eles causaram fosse fechado pela população de trabalhadores e pensionistas", escreveram os social-democratas no X.
Ultradireita pode ampliar espaço com novas eleições
Em termos numéricos, a eleição austríaca de setembro havia sido ganha pelo partido de ultradireita FPÖ, mas os conservadores, com 26% dos votos do eleitorado, até então descartam uma aliança.
Ainda não está claro se a renúncia de Nehammer levará a novas eleições. Se esse for o caso, a ultradireita pode ampliar ainda mais sua margem no Parlamento. Pesquisas recentes de intenção de voto dão ao FPÖ 35% do eleitorado, seis pontos percentuais a mais que os resultados da eleição de setembro.
Em tese, há dois cenários possíveis: o partido conservador pode, sob nova direção, optar por uma aliança com a ultradireita; ou o Parlamento abre o caminho para novas eleições - o que, segundo a imprensa austríaca, não seria possível antes de maio.
Nehammer sempre descartou uma aliança com o FPÖ, embora no campo econômico os dois partidos tenham programas similares.
ra (dpa, ots)