Civis sofrem impacto de conflito "catastrófico" no Líbano, diz autoridade da ONU

3 out 2024 - 16h55

A população civil é quem está sofrendo o impacto de uma situação "verdadeiramente catastrófica" no Líbano, disse uma autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU), que pediu respeito às regras da guerra quase duas semanas após Israel lançar uma ofensiva contra o grupo armado Hezbollah no país.

Com cerca de 1 milhão de pessoas impactadas no Líbano, Imran Riza, coordenador humanitário da ONU, afirmou que o ritmo de deslocamento da população excedeu os piores cenários desde 23 de setembro, e que a infraestrutura civil tem sofrido muitos danos.

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"O que vimos a partir de 23 de setembro é realmente catastrófico", afirmou Riza nesta quinta-feira, em entrevista à Reuters, referindo-se ao dia em que Israel aumentou drasticamente os bombardeios contra o Líbano, matando mais de 500 pessoas em um único dia, segundo o governo libanês.

"O nível de trauma e de medo na população é extremo", acrescentou.

Israel defende que sua ofensiva contra o Hezbollah — grupo fortemente armado e apoiado pelo Irã — tem como objetivo garantir o retorno para casa de israelenses retirados de regiões próximas à fronteira libanesa, em consequência de praticamente um ano de ataques do Hezbollah contra o norte de Israel.

O governo libanês diz que cerca de 1,2 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas por causa dos ataques israelenses no sul do país, no Vale do Bekaa, nos subúrbios ao sul de Beirute e em outras regiões. Algumas morreram em ataques israelenses após deixarem seus lares.

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"Você tem pessoas sendo deslocadas de um lugar para outro, pensando que estavam indo para um local seguro, e então sendo atacadas", afirmou Riza.

Ele disse que 97 profissionais da Saúde foram mortos, a maioria nos últimos dez dias. Ele lembrou que o direito humanitário internacional exige que equipes de ajuda possam acessar pessoas necessitadas, e que a infraestrutura civil e os sistemas de água devem ser protegidos.

"É isso o que pedimos quando dizemos para respeitarem as regras da guerra", acrescentou.

"Infelizmente, vemos uma situação em que todos temos que voltar defender esses princípios básicos em termos de proteção de civis."

Riza e o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, fizeram um apelo na terça-feira pelo levantamento de 426 milhões de dólares em recursos para civis afetados pelo conflito.

Riza afirmou que o Líbano está menos bem posicionado para lidar com o conflito agora do que em 2006: "As pessoas não têm amortecedores como tinham em 2006. Ao mesmo tempo, as instituições que podem ajudá-las estão muito mais fracas."

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