Trump impõe medidas retaliatórias à Colômbia depois de país recusar voos de deportação

26 jan 2025 - 15h48
(atualizado às 22h13)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse neste domingo que vai impor medidas de retaliação à Colômbia, incluindo tarifas, sanções e proibições de viagem, depois que o país sul-americano recusou dois aviões militares dos EUA com migrantes que estavam sendo deportados como parte da repressão à imigração.

A rápida ação retaliatória de Trump parecia ter como objetivo fazer da Colômbia um exemplo para dissuadir outros países de desafiá-lo em voos de deportação. Também demonstrou uma disposição renovada de usar o poder dos Estados Unidos para forçar outros países a se curvarem à sua vontade.

Publicidade

Trump disse que a ação do presidente colombiano, Gustavo Petro, colocou em risco a segurança nacional dos EUA e orientou seu governo a tomar medidas de retaliação.

Essas medidas incluem a imposição de tarifas emergenciais de 25% sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos, que subirão para 50% em uma semana; a proibição de viagens e a revogação de vistos para funcionários do governo colombiano e seus aliados; a imposição total de sanções emergenciais do Tesouro, bancárias e financeiras, e o aumento das inspeções de fronteira para cidadãos colombianos.

"Essas medidas são apenas o começo", escreveu Trump no Truth Social. "Não permitiremos que o governo colombiano viole suas obrigações legais com relação à aceitação e ao retorno dos criminosos que eles forçaram nos Estados Unidos!"

O presidente dos EUA declarou a imigração ilegal uma emergência nacional e impôs uma ampla repressão desde que assumiu o cargo na segunda-feira, instruindo os militares a ajudarem na segurança da fronteira, emitindo uma ampla proibição de asilo e tomando medidas para restringir a cidadania para crianças nascidas em solo norte-americano.

Publicidade

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que Petro havia inicialmente autorizado voos com migrantes sendo deportados antes de cancelar sua autorização quando os aviões estavam no ar.

A recusa da Colômbia em aceitar os voos é o segundo caso de um país latino-americano que recusa voos militares de deportação dos EUA.

Petro condenou a prática, sugerindo que ela tratava os migrantes como criminosos. Em uma publicação na plataforma de mídia social X, Petro disse que a Colômbia receberia os migrantes deportados em aviões civis, afirmando que eles deveriam ser tratados com dignidade e respeito.

A decisão da Colômbia segue a do México, que também recusou um pedido na semana passada para permitir que um avião militar dos EUA aterrissasse com migrantes.

"Os EUA não podem tratar os migrantes colombianos como criminosos", escreveu Petro na postagem, observando que havia 15.660 norte-americanos sem status de imigração adequado na Colômbia.

Publicidade

A Colômbia respondeu rapidamente ao anúncio de Trump, ameaçando uma tarifa de 50% sobre produtos dos EUA. Petro postou mais tarde no X que ele ordenou que seu ministro do Comércio aumentasse as tarifas sobre as importações dos EUA em 25%.

O México também recusou um pedido na semana passada para permitir que uma aeronave militar dos EUA aterrissasse com migrantes.

Trump não tomou medidas semelhantes contra o México, seu maior parceiro comercial, mas disse que estava pensando em impor tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México em 1º de fevereiro por causa dos imigrantes ilegais e da passagem de fentanil para os EUA.

Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial e de investimentos da Colômbia, segundo o Departamento de Estado, e a Colômbia é também o terceiro maior parceiro comercial dos EUA na América Latina.

DESCONTENTAMENTO CRESCENTE

Os comentários de Petro se somam ao crescente coro de descontentamento na América Latina, à medida que o governo de Trump, com uma semana de existência, começa a se mobilizar para deportações em massa.

Publicidade

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou, na noite de sábado, o "tratamento degradante" dos brasileiros depois que migrantes foram algemados em um voo comercial de deportação. Na chegada, alguns dos passageiros também relataram maus-tratos durante o voo, de acordo com notícias locais.

O avião, que transportava 88 passageiros brasileiros, 16 agentes de segurança dos EUA e oito membros da tripulação, estava originalmente programado para chegar a Belo Horizonte, mas pousou em Manaus devido a problemas técnicos.

Lá, as autoridades brasileiras ordenaram a retirada das algemas, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva designou um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para completar a viagem até Belo Horizonte.

O voo comercial fretado foi o segundo este ano dos EUA a transportar migrantes ilegais deportados de volta ao Brasil e o primeiro desde a posse de Trump, de acordo com a Polícia Federal do Brasil.

Publicidade

Autoridades do Departamento de Estado dos EUA, do Pentágono, do Departamento de Segurança Interna dos EUA e do Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos EUA não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

O uso de aeronaves militares dos EUA para realizar voos de deportação faz parte da resposta do Pentágono à declaração de emergência nacional de Trump sobre imigração na segunda-feira.

No passado, aeronaves militares dos EUA foram usadas para realocar indivíduos de um país para outro, como durante a retirada dos EUA do Afeganistão em 2021.

Esta foi a primeira vez na memória recente que aeronaves militares dos EUA foram usadas para levar migrantes para fora do país, disse uma autoridade dos EUA.

Publicidade

Aeronaves militares dos EUA realizaram dois voos semelhantes, cada um com cerca de 80 migrantes, para a Guatemala na sexta-feira.

Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações