Combates continuam na Ucrânia, apesar de cessar-fogo

21 jun 2014 - 20h18
(atualizado às 20h27)

O Exército ucraniano continuava combatendo no sábado os rebeldes pró-russos no leste do país, ignorando um cessar-fogo decretado unilateralmente por Kiev. Estes novos ataques no leste da Ucrânia põem em contradição o ambicioso plano de paz revelado na sexta pelo presidente Petro Poroshenko, que conta com o apoio dos países ocidentais.

Os Estados Unidos advertiram que não aceitarão a presença ou a intervenção de tropas russas no leste da Ucrânia, depois que a Rússia confirmou ter reforçado suas tropas na fronteira. O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou no sábado que pôs suas forças armadas do centro do país em estado de alerta máximo, como parte de exercícios militares ordenados a partir deste sábado e até 28 de junho.

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"O plano de paz de Poroshenko não deve ter um caráter de ultimato para os insurgentes", declarou Putin no sábado. "O plano proposto, se não for seguido de efeitos concretos em vista da abertura de um diálogo, não será nem viável e nem realista", acrescentou, ao mesmo tempo que afirmou apoiar o princípio do cessar-fogo.

A Ucrânia denunciou no sábado um ataque separatista contra guardas fronteiriços na região de Donestk, um dos redutos rebeldes, e assegurou que o grupo respondeu a um segundo ataque alguns minutos depois. A guarda fronteiriça ucraniana informou que nove soldados ficaram feridos.

Perto de Slaviansk, os moradores de um pequeno povoado continuavam escutando tiros entre insurgentes e forças governamentais no sábado. "Escutamos disparos ontem à noite e esta manhã desde as 04H00 e continuam neste momento", afirmou à AFP Lila Ivanovna, do povoado de Andriivka, perto de Slaviansk.

O novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, afirmou na sexta-feira que o cessar-fogo unilateral "não significa que não responderemos em caso de agressão contra nossas tropas". Paralelamente, o chefe de Estado maior russo, Valeri Gerasimov, indicou que mais de 65 mil soldados, 180 aviões e 60 helicópteros participarão de exercícios de tropas baseadas nos Urais e no oeste da Sibéria, a 400 km da Ucrânia. Mas tanto Kiev quanto seus aliados ocidentais estavam mais preocupados com as novas tropas russas presentes na fronteira.

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"Este tipo de atividades militares não contribuem para normalizar a situação na Ucrânia e desanimam nossos líderes em implementar iniciativas de paz", declarou em um comunicado o ministério ucraniano de Assuntos Exteriores. O porta-voz da chancelaria, Ievgen Perebinis, disse à AFP que as manobras militares no centro da Rússia "só podem causar preocupação se tiverem a mínima relação com as últimas mobilizações na fronteira". O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, denunciou neste sábado uma "intensificação" das operações ucranianas. "O fato de que esta operação anti-terrorista (ucraniana) atravesse uma intensificação paralelamente ao avanço do plano de paz é muito preocupante", declarou da Arábia Saudita.

A Rússia acusou a Ucrânia de ter disparado um morteiro de seu território contra um posto fronteiriço russo, ferindo um agente da alfândega. Moscou pediu "uma explicação e uma desculpa", mas o ministério ucraniano da Defesa negou ter usado morteiros nesta região fronteiriça. O cessar-fogo provisório foi rechaçado na sexta-feira por separatistas e a Rússia. Um dirigente da república separatista autoproclamada de Lugansk, Valerii Bolotov, afirmou que "ninguém deixará as armas enquanto as tropas (governamentais ucranianas) não se retirarem por completo do nosso território".

Poroshenko ordenou na sexta-feira um cessar-fogo unilateral de uma semana para permitir que os rebeldes pró-russos entreguem as armas e se aplique um plano de paz na região. O plano estipula, ainda, o fim da "ocupação ilegal" de prédios da administração regional de Donetsk e Lugansk controlados pelos rebeldes, uma rápida organização de eleições legislativas locais e um programa para a criação de empregos na região.

Entenda a crise na Ucrânia

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