A variante Delta é a mais rápida, mais forte e mais formidável versão do coronavírus que causa a Covid-19 que o mundo já encontrou e está bagunçando as presunções sobre a doença, mesmo no momento em que os países aliviam restrições e abrem suas economias, segundo virologistas e epidemiologistas.
A proteção pela vacina permanece muito forte contra infecções severas e internações causadas por qualquer versão do coronavírus, e os que estão mais ameaçados ainda são os não vacinados, segundo entrevistas com dez especialistas em Covid-19.
A principal preocupação sobre a variante Delta, inicialmente identificada na Índia, não é que ela deixa as pessoas mais doentes, mas que se dissemina mais rapidamente de pessoa a pessoa, aumentando infecções e internações entre não vacinados.
Há cada vez mais evidências de que ela é capaz de infectar pessoas totalmente vacinadas em uma taxa maior do que as versões anteriores, e surgiram preocupações de que essas pessoas podem até espalhar o vírus, dizem especialistas.
"O maior risco ao mundo no momento é simplesmente a Delta", disse a microbiologista Sharon Peacock, que administra as tentativas do Reino Unido para sequenciar os genomas das variantes do coronavírus, chamando-a de "a mais forte e rápida variante até agora".
Até que haja mais dados sobre as transmissões pela variante Delta, especialistas em doenças dizem que máscaras, distanciamento social e outras medidas afastadas pelos países com amplas campanhas de vacinação podem ser necessárias novamente.
"Há sempre a ilusão de que não há uma bala de prata que resolverá todos nossos problemas. O coronavírus está nos dando uma lição", disse Nadav Davidovitch, diretor da escola de saúde pública da Universidade Ben Gurion, em Israel.
"DANDO UMA LIÇÃO"
As vacinas da Pfizer Inc/BioNTech, uma das mais eficientes contra a Covid-19 até agora, parece ser apenas 41% efetiva em interromper infecções sintomáticas em Israel ao longo do último mês, com a disseminação da variante Delta, segundo dados do governo de Israel. Especialistas israelenses disseram que essa informação exige mais análise antes de chegarem a conclusões.
"A proteção ao indivíduo é muito forte; proteção contra infeccionar os outros é muito menor", disse Davidovitch.
O desenvolvimento de vacinas altamente eficientes pode levar muitas pessoas a acreditarem que, uma vez vacinadas, a Covid-19 é uma ameaça pequena a eles.
Monica Gandhi, médica de doenças infecciosas na Universidade da Califórnia, em São Francisco, disse: "As pessoas estão tão decepcionadas neste momento por não estarem 100% protegidas de desenvolvimentos médios" - ser infectado, apesar de ter sido vacinado.
Mas Gandhi acrescentou que o fato de que quase todos os norte-americanos internados com Covid-19 neste momento sejam os não vacinados "é uma eficiência bem impressionante".