Como bilionários e donos de big techs se aproximam de Trump antes de 2° mandato

Muitos dos antigos críticos e adversários do presidente eleito se aproximaram dele desde a vitória nas urnas.

18 dez 2024 - 16h26
Trump apareceu recentemente na abertura do pregão da Bolsa de Valores de Nova York, em evento que marcou seu anúncio como 'pessoa do ano' da revista Time
Trump apareceu recentemente na abertura do pregão da Bolsa de Valores de Nova York, em evento que marcou seu anúncio como 'pessoa do ano' da revista Time
Foto: Spencer Platt/Getty Images / BBC News Brasil

Na manhã de segunda-feira (16/12), durante sua primeira coletiva de imprensa desde que venceu as eleições nos EUA em novembro, Donald Trump pareceu se deleitar com a amplitude de seu apoio.

"No primeiro mandato, todo mundo estava brigando comigo", ele disse.

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"Neste mandato, todo mundo quer ser meu amigo."

Pode ter sido um exagero tipicamente trumpiano, mas o contraste entre a forma como seu primeiro mandato presidencial começou — e terminou — e a atual transição para seu segundo mandato, oito anos depois, é impressionante.

Apenas nas últimas semanas, muitos dos antigos críticos e adversários do presidente eleito se aproximaram dele.

Jeff Bezos, da Amazon, Mark Zuckerberg, da Meta, e Sam Altman, da OpenAI, prometeram milhões de dólares em doações para as festividades da posse de Trump.

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O CEO do TikTok, Shou Zi Chew, se encontrou com o republicano em Mar-a-Lago, sua propriedade na Flórida, na segunda-feira.

Durante seu primeiro mandato, Trump tentou banir a plataforma de rede social de propriedade chinesa, que os conservadores classificavam na época como um risco à segurança nacional.

O presidente eleito agora se opõe a uma tentativa atual de banir a plataforma — desta vez, do governo Joe Biden —, em parte porque poderia ajudar o Facebook, que ele acusou de contribuir para sua derrota nas eleições de 2020. A proibição está programada para entrar em vigor antes da posse de Trump.

Outros também fizeram a viagem para a Flórida ou planejam fazer.

Na véspera do Dia de Ação de Graças, Zuckerberg, dono do Facebook, que já baniu Trump uma vez, foi jantar no clube particular do presidente eleito na Flórida.

O chefe do Google, Sundar Pichai, também disse que planeja uma reunião com o republicano.

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E quando Trump apareceu, na semana passada, na Bolsa de Valores de Nova York para tocar o sino na abertura do pregão, evento que marcou seu anúncio como "pessoa do ano" da revista Time, executivos de alto escalão de grandes empresas dos EUA se reuniram para assistir.

"Isso marca um momento de grande promessa para nossa nação", postou Marc Benioff, CEO da Salesforce e proprietário da Time, no X (antigo Twitter).

"Estamos ansiosos para trabalhar juntos para promover o sucesso e a prosperidade americana para todos."

A atitude cada vez mais complacente não se limita apenas aos conselhos de administração das empresas. Na mídia, também houve uma mudança.

As personalidades da emissora MSNBC Joe Scarborough e Mika Brzezinski, que apresentam o programa Morning Joe, visitaram Mar-a-Lago para se reunir com Trump no mês passado.

"É hora de fazer algo diferente, e isso começa não apenas falando sobre Donald Trump, mas conversando com ele", disse Brzezinski.

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E, no último sábado, a rede ABC News — que é propriedade da Disney Corporation — anunciou que estava pagando a Trump US$ 15 milhões e honorários advocatícios para resolver um processo de difamação relacionado a comentários feitos, em março, pelo apresentador do noticiário matinal George Stephanopoulos.

Os processos de difamação contra veículos de notícias exigem a comprovação de malícia ou descaso irresponsável pela verdade — e outras organizações de imprensa conseguiram se defender de processos anteriores de Trump.

No entanto, com o retorno do republicano ao poder em breve — e a ameaça feita por ele na segunda-feira de novos processos contra a CBS, o Des Moines Register e a fundação do Prêmio Pulitzer —, o custo para a ABC e a Disney pode ter mudado.

Uma batalha legal prolongada com o presidente eleito foi aparentemente considerada intragável.

Mark Zuckerberg, dono do Facebook, que já baniu Trump uma vez, participou de um jantar no clube privado do presidente eleito na Flórida
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Brigas 'dormentes'

Nos corredores do poder em Washington, uma dinâmica semelhante parece estar em jogo.

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Os republicanos do Senado, que pareciam cautelosos em confirmar alguns dos indicados políticos mais controversos de Trump, como o apresentador da Fox News Pete Hegseth para o cargo de secretário de Defesa, estão aderindo à medida que enfrentam uma pressão cada vez maior não apenas de Trump, mas também de seus apoiadores, que alertam sobre as terríveis consequências para quem não cooperar.

Até mesmo alguns democratas estão entrando em contato com o novo governo Trump. O senador da Pensilvânia, John Fetterman, disse que consideraria apoiar Hegseth, e manifestou seu apoio a algumas escolhas de Trump.

Outros críticos de Trump no Congresso estão adotando uma abordagem pragmática. No domingo, o senador independente de Vermont, Bernie Sanders, sugeriu que estaria aberto a apoiar Robert F. Kennedy Jr., conhecido por ser cético em relação às vacinas, como secretário de Saúde de Trump, dizendo que ele compartilhava das preocupações sobre os impactos dos alimentos ultraprocessados na saúde.

Há oito anos, a história era diferente. Os democratas estavam prometendo resistência total ao presidente recém-eleito. No dia seguinte à sua posse, milhões de pessoas saíram às ruas em protesto.

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Os oponentes políticos de Trump se entrincheiraram e lutaram por cada centímetro de terreno político, impedindo com sucesso as tentativas conservadoras de revogar as reformas do sistema de saúde apoiadas pelos democratas e de gastar dezenas de bilhões de dólares em um muro na fronteira entre os EUA e o México, além de lutar contra mudanças na lei de imigração nos tribunais.

Depois que o mandato presidencial de Trump terminou em controvérsia e caos quatro anos depois, com seus apoiadores invadindo o Capitólio dos EUA, dezenas de corporações americanas poderosas — incluindo American Express, Microsoft, Nike e Walgreens — cortaram relações com Trump, assim como com republicanos que contestaram os resultados da eleição de 2020. Muitos membros do próprio partido de Trump condenaram o ex-presidente.

Desta vez, tal evidência de resistência — pelo menos por enquanto — é difícil de discernir. O senador republicano de Kentucky, Mitch McConnell, que, como líder da maioria no Senado, criticou duramente Trump em 2021, mas se opôs à sua condenação por impeachment, tem feito advertências severas sobre os perigos de uma política externa "America First" ("Estados Unidos em primeiro lugar").

Mas McConnell, de 82 anos, renunciou à sua posição de liderança no Senado no início deste ano — e é improvável que tente a reeleição em 2026. Há pouco que Trump ou seus apoiadores possam fazer para ameaçá-lo neste momento.

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Enquanto isso, mais de uma dúzia de democratas do Congresso disseram que não vão participar da cerimônia de posse de Trump em 20 de janeiro.

"Não acho que este seja um momento para comemoração", afirmou a congressista do Texas Jasmine Crockett.

"Acho que se tivéssemos um republicano tradicional, em que houvesse discordâncias, eu provavelmente estaria lá."

Mas, embora alguns democratas possam ficar em casa, os preparativos da festa para Trump e seus partidários estão a todo vapor — e, dados os comentários dele na segunda-feira, o presidente eleito parece saber disso.

No entanto, quando Trump assumir o cargo e começar a tentar implementar sua pauta de deportações em massa e tarifas comerciais, a oposição pode aumentar — tanto dos democratas em busca de oportunidades políticas, quanto dos interesses empresariais afetados negativamente.

Assim, as brigas de que Trump se lembra do seu primeiro mandato poderiam ressurgir rapidamente.

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