Como é a 'limpeza espiritual' pela qual estão passando os meninos da caverna na Tailândia

Onze dos 12 garotos resgatados rasparam cabeça e passarão nove dias em monastérios meditando, rezando e fazendo limpeza; ideia é agradecer por resgate e homenagear mergulhador morto.

24 jul 2018 - 06h43
(atualizado às 11h51)
Meninos passarão nove dias em monastérios diferentes meditando, orando e fazendo limpeza
Meninos passarão nove dias em monastérios diferentes meditando, orando e fazendo limpeza
Foto: PANUMAS SANGUANWONG/AFP/Getty Images / BBC News Brasil

Onze dos 12 meninos resgatados da caverna na Tailândia deram nesta terça-feira os primeiros passos para serem ordenados noviços budistas. Eles tiveram suas cabeças raspadas em uma cerimônia.

O treinador do time Javalis Selvagens, que ficou com os meninos por 17 dias no complexo de cavernas de Tham Luang, também participou da cerimônia e será ordenado monge.

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Adul Sam-on, que é católico, é o único dos meninos que não participa da cerimônia. O budismo é a principal religião da Tailândia e é seguido por mais de 90% da população.

Os meninos passarão nove dias em monastérios diferentes, meditando, orando e fazendo trabalhos de limpeza - uma tradição para homens na Tailândia que enfrentaram situações de adversidade.

O número de dias da empreitada - nove - é tido como número da sorte entre os tailandeses.

É uma espécie de "limpeza espiritual" para o grupo, que ficou mais de duas semanas presos em uma caverna inundada até ser resgatado, em uma tensa e arriscada operação.

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Iniciativa é em agradecimento a resgate e homenageia mergulhador que morreu na empreitada
Foto: PANUMAS SANGUANWONG/AFP/Getty Images / BBC News Brasil

Depois, eles passaram uma semana em um hospital, onde receberam tratamento médico e psicológico.

'Limpeza espiritual'

"Eles devem passar um tempo no monastério. É para proteção deles", explicou Seewad Sompiangiai, avô de um dos meninos. "É como se eles estivessem morrido, mas agora renasceram."

Assim, os meninos cumprem uma promessa feita pelas famílias pelo seu retorno com vida e para homenagear o mergulhador tailandês Saman Gunan, que morreu quando participava da operação de resgate.

O técnico de futebol dos garotos, Ekkapol "Ake" Chantawong, se juntará ao grupo, mas como monge, e não como noviço. O treinador já tinha passado tempo em um monastério como noviço antes.

Apesar de Chantawong ter sido criticado por ter levado os meninos para a caverna, ele também ganhou elogios por ter ajudado o grupo ensinando técnicas de meditação para mantê-los calmos e usar a menor quantidade de ar possível durante os dias que passaram sozinhos, no escuro e sem comida.

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Operação arriscada na Tailândia

A extraordinária história do grupo resgatado foi acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo desde o dia 23 de junho, quando eles entraram na caverna após um treino de futebol. Eles ficaram presos no local por causa das cheias.

Os 12 meninos e o técnico passaram nove dias no local até serem encontrados por dois mergulhadores britânicos. A operação de resgate só começou seis dias depois.

A operação foi tensa e perigosa. Saman Gunan morreu enquanto levava tanques de oxigênio para o grupo.

Os meninos foram levados por mergulhadores experientes através de passagens estreitas e submersas. Eles foram sedados para não entrar em pânico e facilitar a travessia - a maioria deles não sabia nadar.

Foram necessários três dias para tirar todos os 13 da caverna.

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Centenas de voluntários, mergulhadores e militares participaram dos esforços para resgatar o grupo.

O complexo de cavernas foi fechado, mas autoridades admitem que, no futuro, pode ser reaberta como uma atração turística.

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