Como foi fuga de assassino do executivo de seguros Brian Thompson em NY

A polícia ainda está trabalhando para estabelecer o motivo do assassinato do executivo Brian Thompson.

6 dez 2024 - 08h54
(atualizado às 09h26)
A polícia está tentando rastrear o suspeito do assassinato de Brian Thompson
A polícia está tentando rastrear o suspeito do assassinato de Brian Thompson
Foto: Spencer Platt/Getty Images / BBC News Brasil

A polícia de Nova York divulgou duas fotos de um indivíduo sem máscara que está sendo procurado para ser interrogado sobre o assassinato do CEO da UnitedHealthcare, a maior provedora de planos de saúde privados dos EUA, Brian Thompson.

O executivo de 50 anos foi morto a tiros na manhã de quarta-feira (4/12), do lado de fora do Hotel Hilton, em Midtown Manhattan.

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O suspeito fugiu do local sem levar nenhum dos pertences de Thompson. A polícia acredita que a vítima foi alvo de um crime premeditado.

Os investigadores estão usando tecnologia de reconhecimento facial e cartuchos de balas com mensagens enigmáticas para localizar o suspeito. Eles ainda não estabeleceram o motivo do ataque.

A seguir, está o que sabemos até agora sobre o suspeito e a investigação.

A polícia está pedindo a ajuda da população para identificar um indivíduo que está sendo procurado para interrogatório em conexão com o assassinato
Foto: NYPD / BBC News Brasil

Como aconteceu o ataque e a fuga?

O ataque aconteceu por volta das 06h45 (horário local) em uma área movimentada de Manhattan, perto da Times Square e do Central Park. Thompson estava na cidade para participar de uma conferência de investidores no fim do dia.

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De acordo com a polícia, o suspeito — que usava uma máscara facial preta e um casaco marrom claro ou creme — parecia estar esperando Thompson havia cinco minutos do lado de fora do Hotel Hilton, onde o executivo discursaria na conferência.

Thompson, que chegou a pé, foi baleado nas costas e na perna, e foi declarado morto cerca de meia hora depois em um hospital local.

Mapa mostrando os horários e locais dos acontecimentos
Foto: BBC News Brasil

O detetive-chefe do Departamento de Polícia de Nova York (NYPD, na sigla em inglês), Joseph Kenny, revelou que a arma do suspeito parecia ter emperrado, mas que ele conseguiu destravá-la rapidamente e continuar atirando.

Imagens de câmeras de segurança parecem mostrar que o atirador havia colocado um supressor, também conhecido como silenciador, em sua pistola, conforme apurado pela BBC Verify, equipe de checagem de fatos da BBC.

O prefeito de Nova York, Eric Adams, um veterano da polícia de Nova York, disse à rede MSNBC que o uso de um silenciador era algo sem precedentes em sua carreira.

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"Nunca vi um silenciador antes", ele afirmou. "Isso foi realmente algo chocante para todos nós."

Segundo relatos, os investigadores acreditam que a arma usada seja uma BT Station Six 9, que é comercializada como tendo suas raízes nas pistolas usadas pelas forças de operações especiais dos Aliados na época da Segunda Guerra Mundial.

A polícia teria visitado lojas de armas em Connecticut para tentar determinar onde a arma foi comprada.

Após o ataque, o vídeo mostra o suspeito fugindo do local a pé. As autoridades disseram inicialmente que o suspeito usou uma bicicleta elétrica da Citi Bike, que pertence à Lyft.

Mas a Lyft, que é proprietária e opera a Citi Bike, afirmou mais tarde que havia sido informada pela polícia de Nova York que um de seus veículos não havia sido usado, de acordo com a rede CBS News, parceira da BBC nos EUA.

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A investigação

A polícia ofereceu uma recompensa de US$ 10 mil por informações relacionadas ao crime
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Até o momento, a investigação sobre o assassinato de Thompson se concentrou em algumas pistas que a polícia está usando para identificar o suspeito.

Na quinta-feira (5/12), as autoridades divulgaram duas imagens de um homem sem máscara que, segundo a polícia de Nova York, é "procurado para interrogatório" em conexão com o assassinato.

Fontes policiais disseram à CBS que acredita-se que a pessoa tenha usado uma identidade falsa para se hospedar em um albergue na área. O nome usado é falso — e não se acredita que pertença a uma pessoa real.

Os investigadores acreditam que a "pessoa de interesse" (termo usado nos EUA para designar um suspeito ou uma pessoa que possa ter relação com algum caso sendo investigado) pegou um ônibus que partiu de Atlanta, na Geórgia, para Nova York dias antes do ataque, conforme informou a CBS, citando uma fonte informada sobre a investigação. Não está claro se ele entrou no ônibus em Atlanta ou depois, durante uma parada.

Tampouco está claro se é a mesma pessoa que o suspeito.

Anteriormente, a polícia revelou que câmeras de segurança haviam captado a imagem do suspeito em um Starbucks próximo, minutos antes do ataque.

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Embora ele estivesse de máscara na imagem, fontes policiais disseram à CBS que a máscara está abaixada o suficiente para permitir ver seus olhos e parte do nariz.

Com base nisso, os investigadores estão usando um software de reconhecimento facial para tentar encontrar uma correspondência — e identificá-lo.

Até o momento, os investigadores não estabeleceram um motivo para o assassinato, embora a polícia tenha observado que o atirador fugiu sem levar nenhum dos pertences de Thompson.

Palavras enigmáticas em cartuchos de balas

O ataque aconteceu do lado de fora do Hotel Hilton, em Midtown Manhattan
Foto: BRYAN R. SMITH/AFP via Getty Images / BBC News Brasil

Além disso, a polícia está analisando o DNA de três cartuchos e três balas encontradas na cena do crime.

As palavras deny ("negar"), defend ("defender") e depose ("destituir") foram encontradas escritas nos cartuchos, disseram duas fontes policiais à CBS.

Os investigadores acreditam que isso pode ser uma referência aos chamados "três Ds do seguro" — uma referência conhecida feita por aqueles que se opõem ao setor.

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Os termos se referem às táticas usadas pelas seguradoras para recusar pedidos de pagamento de pacientes dentro do complexo sistema de saúde dos Estados Unidos, administrado em sua maioria por empresas privadas.

As palavras lembram — embora não sejam exatamente as mesmas — o título de um livro chamado Delay, Deny, Defend: Why Insurance Companies Don't Pay Claims and What You Can Do About It ("Atrasar, Negar, Defender: Por que as companhias de seguros não pagam sinistros e o que você pode fazer a respeito", em tradução livre).

O livro, publicado em 2010, foi escrito por Jay Feinman, um acadêmico de direito da Universidade Rutgers, em Nova Jersey. A obra é apresentada como uma exposição do setor de seguros e um guia prático para os americanos sobre como lidar com o sistema.

Feinman se recusou a comentar quando a BBC entrou em contato com ele.

Celular e copo de café

Um celular foi encontrado em um beco ao longo da rota de fuga do suspeito. A polícia diz que está "trabalhando" no telefone.

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Um copo de café, que acredita-se ter sido descartado pelo suspeito, também foi analisado em busca de impressões digitais e enviado a um laboratório criminal da polícia de Nova York, na esperança de que possa ajudar a revelar sua identidade ou estabelecer uma cadeia de eventos.

Os investigadores disseram ainda que realizaram uma operação de busca em um local no Upper West Side de Manhattan, onde ele foi visto entrando no início do dia.

O local fica perto do conjunto habitacional Frederick Douglas, onde a polícia diz que imagens de câmeras de vigilância mostraram o suspeito do lado de fora por volta das 5h da manhã no dia do crime.

A polícia também havia informado anteriormente que faria uma busca no quarto de Thompson no Hotel Marriott, que fica na mesma rua onde ocorreu o incidente.

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Quem era Brian Thompson?

Brian Thompson, CEO da UnitedHealthCare, deixa dois filhos
Foto: EPA / BBC News Brasil

Thompson ingressou na UnitedHealthcare, a maior provedora de planos de saúde privados dos EUA, vindo da empresa de contabilidade PricewaterhouseCoopers em 2004.

Ele subiu na hierarquia e se tornou CEO em 2021, liderando a empresa durante anos bastante lucrativos. Ele ganhou US$ 10,2 milhões (R$ 60 milhões) trabalhando para a empresa no ano passado.

Formado pela Universidade de Iowa em 1997, com bacharelado em administração de empresas e contabilidade, ele morava em um subúrbio de Minneapolis, no Estado de Minnesota.

O executivo era casado com Paulette Thompson, e deixa dois filhos.

Em entrevista à rede MSNBC, a esposa de Thompson disse que "houve algumas ameaças" contra ele anteriormente, embora ela não tenha sido capaz de fornecer detalhes.

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"Só sei que ele disse que algumas pessoas o estavam ameaçando", ela afirmou.

De acordo com a polícia da cidade natal de Thompson, Maple Grove, em Minnesota, já havia ocorrido um incidente suspeito em sua casa em 2018.

O incidente foi resolvido sem que nenhuma atividade criminosa fosse detectada. Não foram fornecidos detalhes adicionais.

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