Como o maior site adulto do mundo continua faturando com 'pornô de vingança'

Uma mulher ouvida pela BBC se sentiu 'violada' depois que um vídeo gravado com seu ex-parceiro foi visto milhares de vezes no maior site pornô do mundo.

6 set 2019 - 14h38
(atualizado às 14h47)
O pornô de vingança - às vezes filmadas por ex-parceiros - pode ter um efeito devastador sobre as vítimas
O pornô de vingança - às vezes filmadas por ex-parceiros - pode ter um efeito devastador sobre as vítimas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Os proprietários do site pornô Pornhub, o maior site de conteúdo adulto do mundo, estão lucrando com "pornografia de vingança" e deixando de remover os vídeos desse tipo, apurou a BBC News.

A pornografia de vingança é a distribuição, principalmente online e sem consentimento, de imagens ou vídeos sexualmente explícitos de uma pessoa. O objetivo é causar angústia ou constrangimento.

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O material normalmente é exposto por um ex-parceiro, mas também pode ter sido roubado do arquivo digital da vítima ou de sistemas de armazenamento em nuvem.

Uma mulher, Sophie (nome fictício), disse que se sentiu "violada" depois que vídeos com ela foram expostos e vistos por centenas de milhares de pessoas no Pornhub.

Uma campanha na web apelidada de #NotYourPorn (Não é o seu pornô, em tradução livre), tem afirmado que esse tipo de conteúdo permitiu que a empresa canadense MindGeek, proprietária do Pornhub, obtivesse maiores receitas com publicidade.

Depois que o conteúdo está online, é difícil controlar
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O Pornhub disse que "condena veementemente" a pornografia de vingança. E acrescentou que o site "tem a política contra pornografia de vingança mais progressista do setor".

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A empresa disse que não conseguiu encontrar "nenhum registro de nenhum e-mail" de Sophie pedindo que os vídeos em que aparece fossem retirados do site, mas disse estar em contato com a jovem e "ansiosa para resolver esse problema juntos".

'Chocada e envergonhada'

Sophie disse ao programa Victoria Derbyshire, da BBC, que descobriu o conteúdo há quase dois anos.

Ela estava com sua família quando checou o telefone para encontrar chamadas e mensagens perdidas.

O parceiro de sua irmã havia encontrado vídeos de Sophie no Pornhub e a avisou. Um deles estava no top 10 de mais vistos com centenas de milhares de visualizações.

"Me senti chocada, envergonhada e violada", disse ela.

Sophie já havia feito seis vídeos com seu ex-parceiro - mas eles terminaram há vários anos e ela não deu a ninguém consentimento para colocá-los na internet.

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Uma semana depois de tomar conhecimento dos vídeos exibidos no Pornhub, a empresa retirou o conteúdo do ar.

No entanto, a aparição desses seis vídeos no Pornhub deu a alguém a oportunidade de criar cerca de 100 novos vídeos menores, que foram depois republicados no site.

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Foto: BBC News Brasil

Mas quando ela relatou o problema ao site, a empresa "não ajudou muito", disse Sophie.

Ela foi colocada em contato com outra empresa, que lida com os pedidos do Pornhub de retirar vídeos. Porém, Sophie disse que também não recebeu resposta.

Ela também foi à polícia. Até o momento, ninguém foi indiciado.

Kate Isaacs, da campanha #NotYourPorn, disse que o pornô de vingança costumava ser rotulado no Pornhub como conteúdo "amador" ou "caseiro" - dois termos populares de pesquisa de vídeos que tornaram o site mais valioso para os anunciantes.

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O efeito na família

Quando Sophie descobriu os vídeos online, ela estava em um novo relacionamento - e isso pressionou o casal. Os amigos de seu parceiro tiraram sarro dele por causa dos vídeos no Pornhub, ela disse.

Sophie também tem uma filha adolescente, que, segundo ela, "não é mais a mesma desde então".

O vice-presidente do Pornhub, Corey Price, disse à BBC que "o conteúdo que viola diretamente nossos termos de serviço é removido assim que tomamos conhecimento".

"Em 2015, para garantir ainda mais a segurança de todos os nossos fãs, adotamos oficialmente uma postura dura contra a pornografia de vingança, que acreditamos ser uma forma de agressão sexual, e introduzimos um formulário de envio para a fácil remoção de conteúdo (postado de forma) não consensual", disse Price.

"Também usamos um software avançado de impressão digital de terceiros, que verifica todos os novos envios em busca de possíveis correspondências para material não autorizado e garante que o vídeo original não volte para a plataforma", afirmou o executivo.

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