Os Estados Unidos estão ou batendo na porta da grandeza ou à beira do precipício.
Não há muito espaço para impressões mais no meio desses extremos quando se dá conta de que Donald Trump tem uma chance plausível de ser o próximo presidente dos EUA.
Nunca houve um candidato à Casa Branca como este. Ele entrou na corrida quase como uma piada, conduziu uma campanha muitas vezes marcado pelo bizarro, mas venceu a fase de primárias com uma convicção fenomenal, destruindo seus competidores.
Uma a uma, as vitórias nas primárias se acumularam e outros candidatos foram caindo. Assistir ao processo foi extraordinário. O homem que quase ninguém do mundo político levava a sério desafiou todas as previsões.
Como ele fez isso?
Trump surfou em uma onda que todos nós deveríamos ter notado, mas não vimos. Por anos, a classe trabalhadora americana sofreu com desemprego e salários estagnados. Eles assistiram à expansão da globalização, da imigração e do livre comércio e se sentiram deixados para trás.
A economia americana parecia bombar, mas suas vidas não refletiam esse triunfo. Eles haviam feito um mau negócio. Acrescente a isso um país que parecia titubear na cena global e um presidente avesso a demonstrações nacionalistas de poder, e Donald Trump parece um presente.
De sua cobertura em Nova York, o bilionário Trump de alguma forma entendeu as preocupações dos americanos com menos educação formal, principalmente os homens.
Ele parecia ter uma compreensão intuitiva de amores e ódios do grupo. Chegou a dizer, neste longa campanha, que amava os pouco educados. Ele sabia que eles se sentiam amordaçados pela correção política, e deu a eles liberdade para reclamar disso.
Ele sabia que eles tinham medo de que seu país estivesse mudando ao redor deles, cada vez mais habitado por pessoas cuja primeira língua era espanhol, e não inglês. Quando sugeriu que o México estava mandando estupradores pela fronteira, parecia estar dando substância a esses temores. Quando ele propôs expulsar todos os muçulmanos dos EUA, deu voz a um sentimento anti-islâmico que pairava nos EUA desde o 11 de setembro.
Foi uma demonstração notória de instinto político de um homem que nunca fez parte da política. Seus apoiadores são tão devotos a ele que ele nunca errava. Quando ele disse que o veterano de guerra e vítima de tortura no Vietnã John McCain não era uma herói de guerra, sua taxa de aprovação subiu.
Quando sugeriu que uma repórter mulher havia feito uma pergunta dura porque estava menstruada, seus resultados melhoraram de novo.
México, muçulmanos, o apelido de "Ted mentiroso" que ele deu ao concorrente Ted Cruz... tudo deu força para Trump. E ele é adorado principalmente porque não soa como todos os políticos que prometeram muito e entregaram pouco.
Não se trata de querer azedar a empada de Trump no momento em que celebra a vitória em Indiana e a desistência do oponente Ted Cruz, mas é bom lembrar que, com essa campanha, ele também alienou milhões de americanos de um jeito que não havíamos visto na história moderna.
Nunca um candidato à Presidência foi tão insultado e rejeitado por membros de seu próprio partido. Há uma longa lista (literalmente, você pode encontrá-la no site do jornalThe Hill ) de políticos e estrategistas Republicanos que dizem que nunca irão votar em Trump.
De forma privada, há muitos outros que disseram que irão votar em Hillary em vez de Trump.
São pessoas - e conversei com muitas delas - que dizem que seu candidato a Presidência é "preconceituoso", "racista", "misógino". Ele o chamam de "bronco", "grosseiro", "valentão".
Algumas dessas pessoas podem se alinhar à liderança do partido, "tapar o nariz" e votar em Trump, mas elas não gostam dele.
Se você expandir isso para todos os americanos, Trump bate recordes de taxas negativas.
É por isso que dois grupos estão comemorando neste momento: o grupo de Trump e o grupo de Hillary.
A campanha de Hillary continua convicta de que esta é a melhor disputa para ela. Eles veem as fraquezas de Trump e acreditam que ele é o melhor candidato que poderiam querer como opositor.
Além disso, a demografia da política americana sugere que o candidato Democrata tem mais chances de ganhar - porque há mais democratas que republicanos no país.
Mas este é um ano curioso, o livro tradicional da política foi rasgado e Donald Trump odeia perder - quase tanto quanto ama ganhar.
O grupo de Hillary vai errar se ficar excessivamente confiante antes do tempo. Se aprendemos alguma coisa nesta campanha maluca foi que previsões são bobagem.
Me chamem de tola, mas vou fazer outra previsão: a disputa entre Clinton e Trump vai ser brutal.
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