A Noruega parece sentir-se mais aliviada nesta sexta-feira, com a condenação a 21 anos de prisão do atirador Anders Behring Breivik. Extremista de direita, ele matou 77 pessoas em um atentado duplo, na sede de governo e durante um encontro político de jovens na ilha de Utoya, em julho do ano passado.A decisão, unânime, foi anunciada pela juíza Wenche Elizabeth Arntzen. As leis norueguesas permitem que o prazo de detenção seja estendido indefinidamente, no caso de os condenados serem considerados presos de alta periculosidade.Durante a leitura do veredicto, Breivik exibiu um sorriso. Segundo correspondentes em Oslo, em nenhum momento da leitura ele expressou surpresa.O autor do massacre, considerado a pior tragédia vivida pela Noruega desde do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi considerado mentalmente saudável.Ele já havia alegado que estava são durante os ataques. A condição foi comprovada por laudos psiquiátricos.AtaqueEm 22 de julho de 2011, Breivik explodiu um carro-bomba em frente à sede do governo e do escritório do primeiro-ministro Jens Stoltenberg. O atentado deixou oito mortos no centro de Oslo.Enquanto as equipes de emergência corriam para o local, Breivik seguia para a ilha de Utoya, onde ocorria um encontro da juventude do Partido Trabalhista. Ao chegar na ilha, abriu fogo e matou 69 pessoas. A maioria das vítimas era de jovens militantes de esquerda. Para Breivik, eram marxistas treinados para promover uma Europa multicultural.O atirador chegou a divulgar um manifesto na internet, condenando a política de imigração dos países da Europa.O atentado chocou o país, conhecido pela tolerância e pelo baixo nível de violência. Também pôs em alerta a Europa, que tem assistido o surgimento de diversos grupos extremistas no continente, cujo alvo mais rotineiro são os imigrantes, em especial os muçulmanos. AlívioPara familiares das vítimas e sobreviventes dos ataques, a decisão gerou alívio."Estou feliz com a condenação pois, o tempo todo, achava que Breivik é um homem que sabe o que fez", disse Unni Espeland Marcussen, mãe de uma das vítimas mortas na ilha de Utoeya."Precisamos examinar melhor o extremismo, debater o assunto (...). Não precisamos ver todos os extremistas como pessoas insanas, é preciso levá-los a sério, ouvir e debater suas ideias", disse Bjorn Magnus Jacobson, sobrevivente do ataque na ilha.Breivik agora vai cumprir sua sentença em uma prisão nos arredores de Oslo, em uma cela individual. O local foi especialmente preparado para recebê-lo.