O ex-ministro José Dirceu (PT) refletiu sobre o longo conflito entre Israel e a Palestina e a acusação de que os movimentos que opõem às ilegalidades cometidas pelas autoridades israelenses como antissemitismo. "Condenar Israel não tem nada a ver com antissemitismo", afirmou durante entrevista para a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, publicada neste domingo, 22.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Para o ex-ministro da Casa Civil do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava correto ao chamar a guerra de Israel em Gaza como um genocídio.
"O Lula está corretíssimo. Não há razão para não nos manifestarmos claramente. O que aconteceu lá [em Gaza] foi e é um genocídio, uma guerra de extermínio. Hoje está transitado em julgado no mundo que é um genocídio e países como a Inglaterra suspenderam o envio de armas a Israel", iniciou.
"É um colonialismo. A Palestina está ocupada por Israel, que não reconhece o direito do povo palestino ao seu Estado. Tem 700 mil colonos na Cisjordânia. E esse número vai aumentar, eles vão anexar a Cisjordânia. Eles destruíram Gaza, é uma terra arrasada, que não existe mais. Israel afirma que são os outros que não aceitam o seu Estado, reconhecido pela ONU [Organização das Nações Unidas]", continuou.
Dirceu ressaltou que, apesar do reconhecimento do Estado Palestino pela ONU e por outros países, Israel não cumpre as resoluções da entidade. Para ele, o povo palestino "tem o direito de se levantar em armas contra a ocupação de Israel. Tem o direito. Sagrado. Aliás, o [presidente da Turquia, Recep Tayyip] Erdogan falou isso. Está na Carta das Nações Unidas. É uma ocupação. É um colonialismo, uma segregação, um apartheid social grave", disse.
Ao ser questionado sobre os ataques de 7 de outubro perpetrados pelo Hamas, que mataram 1500 pessoas, Dirceu afirmou: "Isso tem que ser condenado, e eu condenei. Todos os crimes de guerra têm que ser condenados [...] Não é porque houve o atentado do Hamas que você é obrigado a concordar com a política que Israel está desenvolvendo hoje. Aliás, o mundo não concorda mais com ela. [...] Infelizmente, virou uma tragédia humanitária. Não sei se tem solução.".
"O Hamas é definido como grupo terrorista. Mas vamos lembrar que os três grupos que formaram as Forças de Defesa e o Estado de Israel eram grupos terroristas", finalizou.