'Conflito armado interno' entra no 2º dia no Equador; ao menos 70 pessoas foram presas

Onda de violência assusta o Equador; crise no país começou após a fuga da prisão do líder da gangue Los Choneros, Adolfo Macias, o "Fito"

10 jan 2024 - 09h53
(atualizado às 10h11)
Policiais diante da penitenciária El Inca em Quito 8/1/2024
Policiais diante da penitenciária El Inca em Quito 8/1/2024
Foto: Reuters/Karen Toro

A onda de violência que assusta o Equador entrou no segundo dia nesta quarta-feira, 10. Em um decreto na terça-feira, 9, o presidente Daniel Noboa reconheceu um "conflito armado interno" no país e identificou 22 gangues como organizações terroristas a serem buscadas pelos militares. Ao menos 70 pessoas foram presas até o momento.

Segundo a Polícia Nacional do Equador, em publicação na madrugada desta quarta, a ação contra "atos terroristas" resultou, até agora, além dos detidos, em 17 pessoas recapturadas, três policiais liberados e apreensões de armas de fogo, explosivos e veículos.

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A crise no país começou na segunda-feira, 8, após a fuga da prisão do líder da gangue Los Choneros, Adolfo Macias, mais conhecido como "Fito" e violência nas prisões, incluindo sequestros de guardas por detentos. 

No mesmo dia, Noboa, que assumiu o cargo de presidente em novembro prometendo conter a violência relacionada às drogas, declarou estado de emergência por 60 dias. 

O governo disse que a violência é uma reação ao plano de Noboa de construir uma nova prisão de alta segurança e transferir líderes de gangues presos. "Eles criaram uma onda de violência para amedrontar a população", disse o almirante Jaime Vela, chefe do comando conjunto das Forças Armadas, acrescentando que o decreto tornou as gangues alvos militares.

As transferências de líderes de gangues para as prisões têm historicamente levado à violência, com centenas de presos mortos nos últimos anos. As guerras de gangues pelas lucrativas rotas de contrabando de cocaína também alimentaram a instabilidade.

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O Peru declarou emergência ao longo de sua fronteira com o Equador, enquanto outras nações sul-americanas, Brasil, Colômbia e Chile, expressaram apoio ao governo de Noboa, e a China fechou sua embaixada e consulados até segunda ordem.

Invasão em TV

Na terça-feira, 9, homens armados com explosivos invadiram uma emissora de TV que estava no ar no Equador. A polícia prendeu os 13 homens que invadiram o estúdio da TC durante uma transmissão ao vivo, enquanto em outros lugares pelo menos sete policiais foram sequestrados e houve várias explosões.

"Graças a Deus, estamos vivos, porque foi um ataque extremamente violento", disse Jorge Rendon, vice-diretor do programa de notícias que foi interrompido.

Homens armados invadem estúdio de TV no Equador
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A tomada do estúdio da TC em Guayaquil foi transmitida por cerca de 20 minutos. Homens usando balaclavas e, em sua maioria, vestidos de preto, empunhavam armas e abordaram os funcionários que se amontoavam no chão. Foram ouvidos tiros e gritos, e alguns dos invasores fizeram gestos para a câmera.

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"Eles atiraram na perna de um dos nossos cinegrafistas e quebraram o braço de outro. Eles fizeram disparos", acrescentou Rendon. "A polícia chegou em minutos, cercou a estação de TV e as unidades táticas intervieram."

A TC, que transmite nacionalmente, compartilha um local com outra emissora pública, a Gamavision, e várias estações de rádio. O canal voltou ao ar para seu noticiário noturno, com âncoras dizendo que o gabinete do procurador-geral estava no local coletando provas. Dois funcionários ficaram feridos, segundo o canal.

Guardas penitenciários capturados

A agência penitenciária SNAI disse na terça-feira que um grupo de prisioneiros escapou de uma penitenciária em Riobamba, incluindo o acusado de pertencer a uma gangue, Fabricio Colon Pico, suspeito de um complô contra o procurador-geral. Dezessete dos 39 fugitivos foram recapturados, informou o gabinete do promotor.

Onze agentes penitenciários tomados como reféns nos últimos dois dias foram libertados, acrescentou o SNAI, mas 139 agentes e outros funcionários ainda estão detidos.

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As autoridades de Guayaquil disseram que houve incidentes de "tomada de controle" em cinco hospitais, mas que a polícia e os soldados haviam restabelecido a ordem. Não ficou claro o que os incidentes envolveram.

Imagens de vídeo nas mídias sociais mostraram homens armados nas ruas, trânsito parado e um helicóptero sobrevoando Guayaquil. As lojas e escritórios fecharam mais cedo em Quito.

Alguns equatorianos estão questionando os esforços de Noboa para controlar a violência. Ele planeja um plebiscito este ano com foco na segurança. As mortes violentas aumentaram para 8.008 em 2023, quase o dobro do número de 2022.

(*Com informações da Reuters.)

Fonte: Redação Terra
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