As chances de sobreviver à crise política do Peru diminuíram para o presidente Pedro Paulo Kuczynski, quando, na última sexta-feira (15), o Congresso passou uma proposta para dar início aos procedimentos de "vacância presidencial", com votos o bastante para depô-lo em uma semana.
O Congresso controlado pela oposição votou, com 93 votos a 17, na sexta-feira, para buscar a remoção de Kuczynski do cargo, sob denúncias de corrupção, negadas pelo presidente. Oitenta e sete votos serão necessários para derrubá-lo, na sessão marcada para 21 de dezembro, quando ele poderá se defender.
Uma construtora brasileira no centro do maior escândalo de corrupção da América Latina -- a Odebrecht -- revelou, esta semana, pagamentos no total de 4,8 milhões de dólares para empresas de Kuczynski, ou de um amigo próximo, motivando apelos para que renunciasse.
Kuczynski havia anteriormente negado ligações com a empresa e disse, na quinta-feira, que não havia nada de impróprio nos pagamentos. Acuado pelo seu próprio Gabinete, Kuczynski disse que não renunciaria, em uma mensagem desafiadora para a nação.
No entanto, Kuczynski estava ciente que suas chances de sobreviver ao escândalo eram pequenas, disse uma fonte do governo, que pediu para não ser identificada. Ao resistir aos apelos para que renunciasse, espera limpar o seu nome e defende o devido processo legal, à medida em que as investigações contra a Odebrecht se ampliam, disse a fonte.
A Odebrecht balançou a política da América Latina desde que aceitou, um ano atrás, fornecer detalhes de esquemas de corrupção na região - levando elites à cadeia da Colômbia à República Dominicana e quase derrubando um presidente no Brasil.
Dois ex-presidentes do Peru, Ollanta Humala e Alejandro Toledo, foram envolvidos na investigação da Odebrecht, acusados de pagamentos irregulares, que eles negam. Humala foi preso, aguardando julgamento, em julho, e autoridades estão buscando a extradição de Toledo dos Estados Unidos.