O coronavírus de Wuhan foi declarado uma emergência de saúde global.
O anúncio foi feito na quinta-feira (30/01) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), após a confirmação da morte de mais de 200 pessoas na China, onde quase 12 mil casos já foram registrados.
Até agora, 259 pessoas morreram por causa da doença, todas no país asiático.
Fora da China, cerca de 100 foram confirmados em 24 países. A maioria das pessoas esteve em Wuhan, a província chinesa onde surgiu o novo vírus. No entanto, também existem pacientes infectados por pessoas que viajaram para a China na Alemanha, Japão, Vietnã e Estados Unidos.
A corrida para impedir sua propagação levou as autoridades chinesas a estabelecer quarentenas virtuais para mais de 40 milhões de habitantes.
A OMS declara uma emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII, na sigla em inglês) quando há "um evento extraordinário que constitui um risco à saúde pública de outros Estados através da disseminação internacional da doença", afirma a agência.
E emite recomendações temporárias que os 192 países membros da organização devem seguir para conter a propagação de uma doença, neste caso o coronavírus ou 2019-nCoV (seu nome técnico).
"Eles devem estar preparados para tomar medidas de contenção, como vigilância ativa, detecção precoce, isolamento e gerenciamento de casos, acompanhamento de contatos e prevenção da propagação 2019-nCoV e fornecer à OMS todos os dados relevantes ", informou o comunicado divulgado pela OMS na quinta-feira.
A organização recomenda que "os países procurem principalmente reduzir a infecção nas pessoas, evitar a transmissão secundária e a propagação internacional e colaborar com a resposta internacional por meio da comunicação e colaboração multissetoriais e participação ativa para aumentar o conhecimento sobre a o vírus e a doença e para impulsionar a pesquisa ".
Antes do coronavírus de Wuhan, a OMS havia declarado a emergência global cinco vezes. E tudo aconteceu nos últimos 20 anos. Confira.
1. H1N1 - 2009
Com a eclosão da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, por sua sigla em Inglês), em 2003, a OMS se propôs a prevenir e controlar novas pandemias.
Em 2005, deu início a uma estratégia de preparação para a pandemia de gripe que exigia que os países desenvolvessem um plano nacional de pandemia e o submetessem à organização.
Esse plano contém as fases de alerta pandêmico, que variam do nível 1, caracterizado por infecções animais e apenas algumas infecções humanas, aos níveis 5 e 6, que incluem uma infecção humana generalizada que atinge proporções globais, explica OMS .
Este novo programa foi testado pela primeira vez com o vírus influenza A (H1N1) que surgiu no México em abril de 2009 e se espalhou rapidamente por todo o mundo.
Os sintomas da gripe incluem febre, tosse, dor de garganta, fadiga, dores musculares e dores de cabeça.
Em junho de 2009, a OMS classificou a influenza A (H1N1) como um nível de alerta 6. E 14 meses depois, em agosto de 2010, anunciou seu fim.
Essa infecção teve um número estimado de mortes variando de 151.700 a 575.400, de acordo com dados do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
2. Poliomielite - 2014
Embora em 2012 o mundo estava mais próximo do que nunca da erradicação, o número de casos de poliomielite aumentou em 2013.
A poliomielite é uma doença infecciosa que compromete o sistema nervoso e afeta principalmente crianças. Sua transmissão ocorre de pessoa para pessoa através de secreções respiratórias ou matéria fecal.
Uma em cada 200 infecções causa paralisia irreversível, geralmente das pernas, e 5% a 10% dos doentes morrem de paralisia dos músculos respiratórios, diz a OMS.
Em maio de 2014, a OMS declarou a emergência de saúde pública de interesse internacional.
Naquela época, a organização afirmou, em comunicado, que dez países da Ásia, Oriente Médio e África tiveram surtos ativos que poderiam se espalhar para outras nações através do movimento de pessoas.
E essa emergência ainda é válida. Foram 113 casos de poliomielite até dezembro do ano passado.
"Enquanto houver apenas uma criança infectada, crianças em todos os países correm o risco de contrair poliomielite", diz a OMS.
Em 7 de janeiro, o Comitê de Emergência da OMS emitiu uma declaração informando que a disseminação internacional da poliomielite continua sendo um problema global de saúde pública.
"O comitê reconhece as preocupações com a longa duração da emergência de saúde global da poliomielite, mas conclui que a situação atual é extraordinária, com um claro risco constante de propagação internacional e a firme necessidade de uma resposta global coordenada", informou a OMS.
3. Zika - 2016
Em fevereiro de 2016, a OMS declarou o vírus zika uma emergência de saúde global devido à sua rápida disseminação que começou nas Américas.
O zika é transmitido pela picada do mosquito Aedes Aegypti e seus sintomas podem ser confundidos com os da dengue, com febre alta, dor de cabeça, músculos e articulações, inflamação que geralmente se concentra nas mãos e nos pés e pode durar entre quatro e sete dias.
A infecção pelo vírus zika durante a gravidez pode causar o nascimento de bebês com microcefalia e outras malformações congênitas.
Também está associado a outras complicações da gravidez, como parto prematuro e aborto espontâneo.
A emergência global foi encerrada nove meses depois, em novembro de 2016.
De acordo com um relatório da OMS de meados de 2019, um total de 87 países e territórios tiveram evidências de transmissão do vírus Zika por mosquitos nativos.
4. Ebola - 2014 e 2019
O ebola pode se tornar mortal e é altamente contagioso.
Os sintomas são febre alta repentina, fraqueza grave e dores musculares, dores de cabeça e garganta, seguidos por vômitos, diarreia, erupções cutâneas, disfunção renal e hepática e, em alguns casos, sangramento interno e externo.
A primeira emergência global declarada pela OMS ocorreu em agosto de 2014 e durou até março de 2016, registrando 11 mil mortes e quase 30 mil infectados na África Oriental, segundo a OMS.
Uma segunda emergência global foi anunciada em outubro de 2019 e ainda está em vigor hoje devido a um surto da doença na República Democrática do Congo.
De acordo com dados da OMS no final de dezembro, o país está lidando com a segunda maior epidemia de Ebola, com mais de 2,2 mil mortes e 3,3 mil infecções confirmadas desde que o surto foi declarado em 1º de agosto de 2018.