Coronavírus: rei da Suécia diz que estratégia contra covid-19 "falhou"

A Suécia foi criticada por sua abordagem mais relaxada para lidar com a pandemia.

17 dez 2020 - 17h15
(atualizado às 17h35)

O rei sueco Carlos XVI Gustavo descreveu 2020 como um ano "terrível" e diz que a estratégia nacional de combate ao coronavírus falhou.

O rei da Suécia Carlos 16 Gustavo diz que 2020 foi um ano terrível
O rei da Suécia Carlos 16 Gustavo diz que 2020 foi um ano terrível
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Ele fez os comentários durante um programa anual de TV que revia o ano com a família real.

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A Suécia tem sido criticada por sua abordagem heterodoxa para lidar com a pandemia, confiando mais em diretrizes e nunca impondo um bloqueio total.

O país registrou quase 350 mil casos e mais de 7.800 mortes.

"Acho que falhamos. Temos um grande número de mortos e isso é terrível", disse o rei no programa.

"O povo da Suécia tem sofrido tremendamente em condições difíceis. Penso em todos os membros da família que por acaso não conseguiram se despedir de seus familiares falecidos. Acho que é uma experiência difícil e traumática não ser capaz de dizer um adeus caloroso."

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Mais de 90% das mortes relacionadas à Covid ocorreram entre pessoas com 70 anos ou mais
Foto: EPA / BBC News Brasil

Quando questionado se ele tinha medo de ser infectado com covid-19, o rei - que tem 74 anos - disse: "Ultimamente, parece mais óbvio, está cada vez mais perto. Não é isso que ninguém quer".

Em vez aplicar sanções legais, a Suécia apela ao senso de responsabilidade e dever cívico dos cidadãos e emite apenas recomendações. Não há punições se forem ignoradas.

A Suécia nunca impôs um bloqueio nacional ou o uso de máscaras, e os bares e restaurantes permaneceram abertos.

No entanto, no início desta semana, foi pedido às escolas da região de Estocolmo que mudassem para o ensino à distância para alunos de 13 a 15 anos, pela primeira vez, o mais rápido possível. A medida foi anunciada em resposta ao aumento de casos de covid-19.

Isso aconteceu uma semana depois de uma decisão nacional em 7 de dezembro para adotar o ensino remoto para maiores de 16 anos.

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E, na segunda-feira, novas recomendações de distanciamento social em todo o país para o período do Natal entraram em vigor, substituindo diretrizes do tipo já em vigor de cada região.

Os suecos são aconselhados a encontrar no máximo oito pessoas, reunir-se ao ar livre se possível e evitar viajar de trem ou ônibus.

A proibição formal de reuniões públicas de mais de oito pessoas permanece, afetando eventos como shows, jogos esportivos e manifestações.

"Voluntário"

O epidemiologista da estatal da Suécia, Anders Tegnell, explicou em novembro que a estratégia dependia de uma combinação de medidas legais e voluntárias.

Ele disse à BBC que esta era, no contexto sueco, "a combinação que realmente acreditamos ser a melhor".

De acordo com um relatório oficial divulgado no início desta semana, a estratégia falhou em seu esforço para proteger os idosos em casas de repouso - pelos quais o governo admitiu ser responsável.

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Mais de 90% das mortes relacionadas à covid ocorreram entre pessoas com 70 anos ou mais, e quase metade de todas as mortes por covid-19 ocorreram em lares de idosos, diz o governo.

Tegnell disse que a agência dele (Agência de Saúde Pública da Suécia) não era responsável por dirigir o sistema de atendimento a idosos e acrescentou todas as partes interessadas necessárias para ajudar garantir que os mais velhos não sejam infectados.

Ele disse acreditar que a Suécia melhorou na proteção aos idosos e que nenhum país teve sucesso total nessa área — até mesmo a Alemanha está sendo duramente atingida agora, disse ele a uma rádio sueca na quarta-feira (16/12).

A Suécia também tem uma das taxas de mortalidade per capita por covid-19 mais altas do mundo, e teve mais mortes do que o resto dos países nórdicos juntos. Isso gerou críticas dos vizinhos do país, Noruega, Dinamarca e Finlândia, de que sua abordagem menos rígida está colocando em risco suas próprias medidas.

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Na terça-feira (15/12), o primeiro-ministro Stefan Lofven também disse sentir que muitos especialistas subestimaram a segunda onda.

"Acho que a maioria na profissão não viu essa onda chegando. Em vez disso, falou-se de grupos diferentes", disse ele em entrevista ao jornal Aftonbladet.

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