O corpo da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, morta no fim de julho na Nicarágua, chegou ao Brasil na madrugada desta sexta-feira (3). A informação foi confirmada pelo Cemitério Morada da Paz, onde a jovem será velada e sepultada nesta manhã.
O translado que trouxe o corpo da estudante chegou ao Aeroporto Internacional de Recife/Guararapes por volta das 1h. A família da jovem esteve no local e acompanhou o caminho até o cemitério, localizado na cidade de Paulista, região metropolitana de Recife.
Segundo o cemitério, o velório está marcado para as 8h. O sepultamento está previsto para as 11h. A família já está no local.
Relembre o caso
Raynéia Gabrielle Lima foi morta a tiros no dia 23 de julho em circunstâncias ainda não esclarecidas pelo governo da Nicarágua. As ONGs de defesa de direitos humanos e a reitoria da universidade na qual a brasileira cursava Medicina sustentam que ela foi assassinada por paramilitares a serviço do presidente Daniel Ortega.
O governo nega a versão e alega que ela foi morta por um segurança privado, mas não detalhou o calibre e o número de tiros que atingiram Raynéia.
O crime ocorreu quando a estudante e seu namorado, um nicaraguense, se dirigiam a uma casa no bairro Lomas de Montserrat, área nobre de Manágua, capital do país. A região, onde vivem muitos funcionários do governo de Ortega, é controlada por paramilitares. Estudantes alegam que um desses grupos abordou a dupla. Moradores do bairro relatam apenas ter ouvido uma rajada de tiros.
O Instituto Médico Legal da Nicarágua emitiu comunicado breve informando apenas que a brasileira morreu em razão de "feridas de arma de fogo no tórax e no abdômen", sem apresentar mais detalhes.
O Ministério das Relações Exteriores, por meio de sua embaixada na Nicarágua, exigiu que o governo de Ortega esclarecesse as circunstâncias do assassinato da jovem. Em notas divulgadas sobre o caso, o Itamaraty relata insatisfação com as informações enviadas pela Nicarágua.
O assassinato de Raynéia Lima ocorre em meio a uma série de conflitos na Nicarágua entre manifestantes que exigem a renúncia do presidente e forças policiais do governo apoiadas por facções paramilitares pró-Ortega. Ao todo, mais de 300 pessoas morreram nos confrontos desde abril, segundo estimativas divulgadas por ONGs de defesa dos direitos humanos.