Os hospitais da Faixa de Gaza já estavam passando dificuldades para lidar com a pandemia de covid-19 antes de estourar o conflito contra Israel na semana passada. Agora, segundo os médicos, o sistema sofre uma pressão ainda maior.
"O Ministério da Saúde está lutando em duas frentes na Faixa de Gaza - de um lado, o coronavírus, e de outro, que é mais difícil, os lesionados e feridos", disse Marwan Abu Sada, diretor cirúrgico do Hospital Shifa, principal hospital de Gaza.
Mais de uma semana após o início do confronto, com palestinos bombardeados noite e dia por ataques aéreos e israelenses fugindo dos foguetes em meio ao toque das sirenes, os médicos de Gaza estão batalhando para se manterem no ritmo.
No Hospital Shifa, maior unidade de saúde entre os 13 hospitais e 54 clínicas que atendem o enclave densamente povoado por 2 milhões de pessoas, o número de leitos de tratamento intensivo dobrou para 32, enquanto dispara o número de feridos nos conflitos.
Como o resto do sistema, o hospital, que tem capacidade de 750 leitos, já enfrentava escassez de remédios e equipamentos antes do início da batalha, no dia 10 de maio. O culpado, segundo os médicos, é um bloqueio liderado por Israel e apoiado pelo Egito, que compartilha uma fronteira com Gaza. Israel diz que as medidas têm o objetivo de evitar que armas cheguem aos militantes palestinos.
"A lista de medicamentos e equipamentos médicos descartáveis sofreu uma escassez aguda", disse Abu Sada.Não faltam apenas remédios e itens de proteção. O combustível para os geradores que abastecem os hospitais de Gaza - já que a energia elétrica da matriz é intermitente demais para ser confiável - também está acabando.
Israel diz que seu bloqueio não tem o objetivo de impedir a chegada de remédios ou de remessas humanitárias, e que qualquer escassez resulta das ações do Hamas, grupo islâmico que comanda Gaza desde 2007, quando o bloqueio foi imposto.