Crise na Venezuela: governo de El Salvador expulsa diplomatas nomeados por Maduro

Comunicado divulgado pelo presidente Bukele dá prazo de 48 horas para que diplomatas venezuelanos deixem El Salvador.

3 nov 2019 - 09h26
(atualizado às 10h07)
Comunicado divulgado pelo Twitter do presidente salvadorenho, Nayib Bukele, dá prazo de 48 horas para diplomatas venezuelanos deixarem El Salvador.
Comunicado divulgado pelo Twitter do presidente salvadorenho, Nayib Bukele, dá prazo de 48 horas para diplomatas venezuelanos deixarem El Salvador.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O governo de El Salvador ordenou a saída do país dos representantes diplomáticos venezuelanos nomeados pelo governo venezuelano de Nicolás Maduro.

O comunicado divulgado pelo Twitter do presidente salvadorenho, Nayib Bukele, dá um prazo de 48 horas para os diplomatas venezuelanos deixarem El Salvador.

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Bukele também informou que San Salvador reconhece como presidente encarregado da Venezuela o presidente da Assembléia Nacional, o deputado da oposição Juan Guaidó.

O texto defende que a decisão de expulsar os diplomatas designados por Maduro é "coerente" com as declarações de Bukele nas quais ele não reconhece a legitimidade do governante venezuelano.

O governo Bukele anunciou que "reconhece a legitimidade do presidente encarregado, Juan Guaidó", até que sejam realizadas eleições livres, de acordo com a Constituição da Venezuela.

"Num futuro próximo, o governo salvadorenho aguarda o recebimento de credenciais da nova representação diplomática da Venezuela", afirmou o comunicado.

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O texto conclui afirmando que El Salvador "apoiará o voto livre, supervisionado pela comunidade internacional e que garanta a vontade do povo irmão da Venezuela".

Medida incomum

Mais de cinquenta governos em todo o mundo não reconhecem a legitimidade de Nicolás Maduro desde que, em janeiro deste ano, ele assumiu a presidência da Venezuela para um segundo mandato, tendo vencido sua reeleição em eleições consideradas fraudulentas pela oposição venezuelana e por parte da comunidade internacional.

Com base nessa premissa e discutindo a aplicação de alguns artigos da Constituição venezuelana, em 23 de janeiro Guaidó assumiu o cargo de presidente encarregado do país com o objetivo formal de levar a Venezuela ao processo de "eleições livres".

Maduro, por outro lado, acusa o líder da oposição de fazer parte de uma tentativa de golpe patrocinada pelos Estados Unidos.

O governo Donald Trump foi o primeiro a reconhecer Guaidó como presidente legítimo e impôs abertamente um conjunto de sanções com o objetivo de tentar forçar uma mudança de regime na Venezuela.

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Guaidó também conta com o apoio da União Europeia e da maioria dos países da América Latina, agrupados no chamado Grupo Lima.

Guaidó é reconhecido por cerca de cinquenta governos em todo o mundo.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Muitos desses governos concordaram em receber "representantes" nomeados por Guaidó, mas poucos deram o passo de expulsar diplomatas nomeados por Maduro.

O anúncio de Bukele não produziu uma resposta imediata do governo Maduro.

De acordo com uma publicação na página oficial do Facebook da embaixada venezuelana em El Salvador, a embaixadora Nora Uribe deixou o cargo em meados de outubro, depois de 9 anos lá.

Internacionalmente, Maduro conta com o apoio da Rússia, China, Irã, Turquia, Cuba, Nicarágua e Bolívia, entre outros, bem como dos países membros do Movimento de Países Não-Alinhados (NAM, na sigla em inglês), composto pela maioria dos governos asiáticos e da África.

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Foi precisamente graças aos votos do NAM que o governo Maduro foi eleito recentemente como membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, paradoxalmente o mesmo órgão que, com base no relatório da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, decidiu solicitar uma investigação contra a Venezuela por violações dos direitos humanos.

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