Crise no Equador: crime organizado atua de forma semelhante ao Brasil, apontam especialistas

Apesar das semelhanças, especialistas em segurança rechaçam a possibilidade de crise de segurança acontecer no Brasil

12 jan 2024 - 17h48
(atualizado às 18h49)
Policiais e militares patrulham uma rua em 9 de janeiro de 2024 em Guayaquil, Equador. Um grupo de homens armados e encapuzados invadiu o TC Guayaquil durante uma transmissão de notícias ao vivo e manteve um membro da mídia sob a mira de uma arma, já que o país está atualmente sob estado de emergência em busca do criminoso mais procurado.
Policiais e militares patrulham uma rua em 9 de janeiro de 2024 em Guayaquil, Equador. Um grupo de homens armados e encapuzados invadiu o TC Guayaquil durante uma transmissão de notícias ao vivo e manteve um membro da mídia sob a mira de uma arma, já que o país está atualmente sob estado de emergência em busca do criminoso mais procurado.
Foto: Romina Duarte/Agencia Press South/Getty Images

A onda de violência que atinge o Equador desde o último domingo, 7, tem gerado debates entre usuários nas redes sociais e especialistas da área de segurança pública não só por causa da brutalidade de criminosos e a resposta do governo equatoriano. Existe a preocupação de eventos semelhantes acontecerem no Brasil, uma vez que o modus operandi do crime organizado no Brasil e no Equador é semelhante.

Apesar das particularidades históricas que diferem os dois países, especialmente com relação à expansão e formação das facções criminosas, a capacidade de atuação e articulação dos criminosos de ambos os países possui similaridades.

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"A coerção, o uso da violência extrema, a coerção sobre os agentes públicos, e a  própria incapacidade do Estado nos dois países em lidar com esses grupos criminosos", pontua o professor Fernando Jose Ludwig, especializado em segurança internacional.

Não por acaso, assim como no Equador, o Brasil já viveu episódios de violência que também paralisaram cidades e até mesmo estados.

"Já aconteceram episódios no Brasil e vão continuar acontecendo. Por exemplo, em 2006 quando o PCC fez ataques em São Paulo", exemplifica. 

O professor se refere aos ataques orquestrados pela facção criminosa na maior cidade da América Latina, em reação à transferência de membros do grupo para uma penitenciária de segurança máxima. Naquele período, que durou 30 dias, 564 pessoas foram baleadas e mortas, segundo levantamento realizado pela Conectas Direitos Humanos em parceria com o Laboratório da Análise da Violência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Outro ponto em comum entre os grupos criminosos dos dois países, na análise de Ludwig, é a capacidade de domínio territorial do crime organizado. No Rio de Janeiro, por exemplo, 57% da área total da cidade é controlada pela milícia, conforme levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), coordenado por Daniel Hirata.

"O avanço da milícia decorre de diversos fatores, sendo um deles a ausência de políticas de Estado que abordam o problema de maneira estrutural. Até agora, observamos apenas medidas paliativas na área de segurança", explica Hirata. 

Risco de crise no Brasil

Apesar das semelhanças entre a atuação dos criminosos, especialistas rechaçam a possibilidade de a crise equatoriana se repetir no Brasil. As particularidades do Equador tornam o motim mais possível, como aspectos políticos, econômicos e geográficos.

Neste último caso, pesa a influência da Colômbia e consequente expansão dos cartéis de Medellín para o Equador, após o desmantelamento das facções colombianas na década de 1990.

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"A crise do Equador é consequência de diversos fatores. O Equador, por exemplo, é hub de distribuição de drogas. Tem que analisar tudo isso", pondera Ludwig.

Fonte: Redação Terra
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