Cúpula no Egito começa hoje com participação do Brasil para discutir guerra entre Israel e Hamas

Chanceler Mauro Vieira deve renovar apelo humanitário e pedido de passagem de grupo brasileiro em zona de risco, durante reunião de líderes globais

21 out 2023 - 07h41
Ministro Mauro Vieira fala com a imprensa em Conselho de Segurança da ONU sobre conflito em Gaza, na sede da ONU, em Nova York, em 13 de outubro de 2023
Ministro Mauro Vieira fala com a imprensa em Conselho de Segurança da ONU sobre conflito em Gaza, na sede da ONU, em Nova York, em 13 de outubro de 2023
Foto: REUTERS/Brendan McDermid

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, participa neste sábado, dia 21, da Cúpula da Paz no Cairo, a convite do presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi. O encontro almeja discutir uma saída para a guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas.

A reunião de líderes globais ocorre sob intensa pressão política para a abertura da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Sinai, por onde cerca de 5 mil estrangeiros - entre eles 30 brasileiros - querem fugir dos bombardeios e da ameaça de incursão terrestre israelense. Há ainda a tentativa de efetuar de fato a entrega de ajuda humanitária, e de apelar pela libertação imediata de cerca de 200 reféns capturados em Israel pelo Hamas. Nesta manhã, os primeiros comboios de ajuda humanitária entraram em Gaza pela passagem fronteiriça de Rafah.

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Além do Brasil, participam da cúpula com representantes os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Rússia, China, França, Estados Unidos e Reino Unido -, países árabes, países do Golfo, Canadá, África do Sul, Espanha e Alemanha, entre outros. (Veja a lista abaixo)Ministro de Lula vai a Cúpula no Egito sob pressão por libertação de reféns e abertura de fronteira.

A previsão do governo brasileiro é que haja uma rodada de debates e também discursos. A cúpula vai durar todo o dia. O ministro vai tentar levar a mensagem com forte ênfase humanitária, segundo diplomatas, similar ao tom que o país adotou no Conselho de Segurança e evitar manifestações políticas.

Ajuda humanitária

A efetiva liberação da passagem de alimentos, medicamentos e água, entre outros insumos a moradores palestinos civis, e o trânsito de estrangeiros, será um dos principais pontos de discussão. A pressão aumentou nas últimas horas com presença de líderes no local.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi até a faixa de fronteira na sexta-feira, 20, e disse que os carregamentos de ajuda humanitária são a "diferença entre a vida e a morte" para os cerca de 2 milhões de moradores de Gaza.

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A questão é considerada cada dia mais grave por integrantes do governo, com urgente necessidade de proteção aos civis. Segundo embaixadores que acompanham a cúpula no Cairo, é difícil prever os resultados e o foco será pressionar para que as decisões sejam tomadas o quanto antes. A perspectiva de iminente invasão em Gaza pelas Forças de Defesa de Israel, como ameaçam os comandantes militares, tornam o cenário imprevisível, segundo um deles.

O chanceler brasileiro chegou hoje ao Cairo, vindo de NY. O convite ao Brasil, que não é um país da região, foi interpretado pelo Itamaraty como um sinal de prestígio pela tradição diplomática de defender a solução de dois Estados - Israel e Palestina - e pelo papel como presidente atual do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Discussões na ONU

Nesta semana, o O Brasil conseguiu angariar 12 votos a favor de um projeto de resolução no Conselho, que previa uma pausa humanitária na guerra e a condenação dos ataques terroristas do Hamas, mas os Estados Unidos vetaram a aprovação, alegando que os países não deixavam explícito o direito de autodefesa de Israel.

A rejeição ampliou as críticas ao imobilismo das Nações Unidas e apelos pela reforma dos órgãos multilaterais.

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O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou horas depois de obstruir o Conselho de Segurança que obteve um compromisso egípcio e israelense para a abertura da passagem da fronteira de Rafah. Ele voltou a dizer que dentro de 24 horas a 48 horas o caminhão de primeiros socorros entrará em Gaza.

O governo Lula tenta ostentar equidistância entre os dois lados do conflito histórico. Cobrado politicamente, tanto por integrantes de sua base política quanto pela oposição, Lula associou o Hamas ao terrorismo pela primeira vez, pediu que o grupo liberte crianças sequestradas por eles de famílias israelenses, mas também afirmou ser "insana" a operação militar de resposta executada por Israel, com a morte de cerca de 1,5 mil crianças em Gaza.

O governo argumenta que a posição tem precedentes e evita constrangimentos ou obstáculos, justamente agora, quando o País tenta extrair da Faixa de Gaza cerca de 30 brasileiros residentes e que pediram socorro ao governo. Eles estão alojados a até 10 quilômetros de distância da fronteira com o Egito, mas os constantes bombardeios israelenses no Sul de Gaza, inclusive próximo à passagem, elevam os riscos.­

Há cerca de uma semana, o governo tenta obter aval de atores envolvidos para que o grupo cruze a fronteira pela passagem de Rafah, a única de pessoas ao Sul de Gaza.

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O chanceler israelense, Eli Cohen, deu a diplomatas estrangeiros com os quais se reuniu na quinta-feira, dia 19, indicativos de que seu governo autorizaria a abertura da fronteira nos próximos dias, sem especificar uma data, relatou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer.

O presidente El-Sisi, no entanto, tem resistido à entrada em massa de refugiados, indiscriminadamente. Ele afirma que a cooperação internacional é necessária para evitar que toda a região mergulhe no conflito. Segundo argumenta El-Sisi, o deslocamento forçado de palestinos para o Sinai é "extremamente perigoso" e poderia transformar a região numa base para ataques a Israel, além de "acabar com a causa palestina".

Países e instituições que devem ter representantes na Cúpula da Paz no Cairo:

Egito

Palestina

Kwait

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Bahrein

Brasil

África do Sul

Itália

Grécia

Canadá

Chipre

Espanha

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Alemanha

França

Estados Unidos

Rússia

China

Reino Unido

Japão

Noruega

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União Europeia

Nações Unidas

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