O dalai lama afirmou nesta segunda-feira que seu sucessor só deveria ser nomeado se o povo tibetano considerar que a instituição que representa é "relevante".
"A instituição do dalai lama deve continuar, ou não, segundo os desejos do povo tibetano. Se consideram que já não é relevante, então deve ser eliminada. Não sinto nenhuma preocupação por isso", disse o líder espiritual do Tibete à imprensa em Oxford, no início de uma visita ao Reino Unido.
O dalai lama lamentou que o governo chinês, "que não acredita na reencarnação", tenha sido tão "crítico com as tradições tibetanas".
"Acredito que eles estão mais preocupados que eu em relação à instituição", ressaltou o líder espiritual tibetano no exílio, Tenzin Gyatso (1935, Takster, China), reencarnação do dalai lama XIV.
Na semana passada, Pequim publicou um livro branco sobre o Tibete no qual defende seu direito sobre a reencarnação do dalai lama e insiste que elegerá o próximo líder, independentemente do que diga o atual, que em outras ocasiões já deixou no ar sua sucessão.
A China assegura nesse documento que seu investimento na região estimulou o desenvolvimento econômico do Tibete.
"Não sei o que pensar sobre o que diz a China, porque não pude estar ali para ver. Eu gostaria de ir ao Tibete e contemplar esse grande desenvolvimento, mas o governo chinês me impede o acesso", afirmou o dalai lama em Oxford.
"O que sei é que muitos dos meus amigos, tanto chineses como tibetanos, que visitaram o Tibete me relataram histórias muito tristes", completou.
Segundo o dalai lama, "se um oficial chinês perguntar a um tibetano este lhe dirá que está muito feliz, mas em um sistema totalitário é difícil expressar seus verdadeiros sentimentos".