O embate físico tomou conta do legislativo de Hong Kong neste sábado, em um confronto entre parlamentares pró-democracia e aqueles leais à China, devido a um projeto de lei de extradição que prevê mais poder para Pequim sobre o centro financeiro.
Uma pessoa precisou ser levada ao hospital.
A antiga colônia britânica tenta aprovar regras que permitam extraditar da cidade para outros países, incluindo a China, pessoas acusadas de crimes, incluindo estrangeiros, sem a necessidade de acordos prévios de extradição.
Os opositores da medida temem que a lei reduza os direitos civis e as proteções legais no centro financeiro, que foram garantidas quando a cidade voltou para os chineses, em 1997.
Os ânimos afloraram quando deputados pró-democracia e outros da maioria pró-Pequim tentaram realizar audiências separadas sobre o projeto. Os democratas disseram que os pró-China violaram as regras ao formar sua própria comissão para tentar forçar a aprovação da lei.
Os parlamentares subiram nas mesas, trocaram insultos e pularam uns sobre os outros enquanto os seguranças tentavam manter a ordem.
Um deputado pró-democracia, Gary Fan, teve uma dura queda e teve de ser levado numa maca para o hospital. Diversos deputados pró-Pequim também caíram, e um precisou colocar uma tipoia.
"É um dia triste para Hong Kong", disse a deputada Elizabeth Quat. "Nós rimos da (briga na) legislatura em Taiwan no passado, mas Hong Kong é ainda pior".
O projeto de lei é o mais recente foco de atenção para a população de Hong Kong preocupada com o poder de Pequim sobre a cidade, que teve como promessa um alto grau de autonomia sob a fórmula "um país, dois sistemas", criada na época do retorno ao jugo chinês.
Mais de 130 mil manifestantes contrários à lei protestaram contra o projeto há duas semanas, enquanto outros milhares se concentraram em frente ao parlamento na sexta-feira à noite, exigindo um recuo na tramitação.
Até mesmo a normalmente conservadora comunidade de negócios de Hong Kong se posicionou contra a lei. A Câmara Internacional de Comércio disse que o projeto possui "grandes inadequações".