Pelo menos 73 pessoas morreram de causas misteriosas na localidade sudanesa de Al-Hilaliya, sitiada pelo grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido, informou o Sindicato dos Médicos do Sudão.
Essa é uma das dezenas de vilas atacadas no Estado de El Gezira, no leste do país, desde a deserção de um dos principais comandantes da RSF para o Exército, o que provocou ataques de vingança que deslocaram mais de 135.000 pessoas.
A guerra entre as duas forças criou a maior crise humanitária do mundo, desalojando mais de 11 milhões de pessoas, levando mais ainda à fome, atraindo potências estrangeiras e provocando temores de colapso do Estado.
Embora o alto número de mortes em outras partes de Gezira tenha sido resultado de bombardeios e tiros da RSF, em Hilaliya as pessoas adoeceram com diarreia, sobrecarregando um hospital local, de acordo com o sindicato e três pessoas da região.
Um blecaute de rede imposto pela RSF dificultou a determinação da causa exata.
Um homem que falou com a Reuters disse que três membros de sua família morreram da mesma doença, mas que ele descobriu apenas dias depois, quando outros fugiram para uma área com acesso à Internet.
De acordo com ativistas pró-democracia, o cerco começou em 29 de outubro, quando a RSF invadiu o local, matando cinco pessoas e cercando os moradores dentro de três mesquitas.
Hilaliya é o lar da família do comandante desertor Abuagla Keikal, o que, segundo os habitantes locais, pode explicar o cerco a um centro de comércio anteriormente estável que abrigava 50.000 pessoas, incluindo muitos deslocados de outras áreas.
Os mercados e armazéns da cidade foram saqueados, segundo testemunhas.