Um ex-inspetor internacional das Nações Unidas, David Crane, citou o campo de concentração nazista de Auschwitz para falar da Síria, durante uma entrevista coletiva na noite desta quinta-feira, em Paris, na qual denunciou "os crimes contra a humanidade" praticados pelo regime em Damasco.
Principal autor de um recente relatório sobre a situação na Síria, Crane se apoiou em milhares de fotos para acusar o regime do presidente Bashar al-Assad por tortura em grande escala, um "exemplo clássico de país no qual se cometem crimes contra a humanidade". "Com a ajuda de especialistas - em particular legistas e técnicos da área - elaboramos 6 mil fotos e, acreditem, é algo realmente terrível", afirmou Crane em entrevista no Instituto do Mundo Árabe (IMA).
"Estamos convencidos de que cerca de 11 mil pessoas foram torturadas, mantidas sem alimentação até a morte ou executadas nos centros de detenção do regime, de uma maneira que não víamos desde Auschwitz (o campo de concentração nazista da II Guerra Mundial)".
Crane concedeu a entrevista ao lado dos opositores sírios Imadeddin Rashid e Hassan Shalabi, que obtiveram as imagens de um fotógrafo que trabalhava para a polícia militar síria.
Um relatório e as fotos foram publicados em janeiro passado. O fotógrafo, chamado de "César" para preservar sua identidade, tinha em seu poder um cartão de memória com 55 mil fotos de 11 mil presos torturados e mortos na Síria entre 2011 e 2013.