O fotógrafo e documentarista brasileiro, Gabriel Chain, relatou como foi ver os bombardeios no Líbano, enquanto estava em um trajeto alvo entre o sul do país e a capital Beirute. Ele contou que sentiu "muito medo" de ser atingido.
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Segundo Chain, enquanto ele e outros colegas estavam em um veículo, abriu todos os vidros para evitar que possíveis estilhaços causassem ferimentos caso um míssil caísse nas proximidades.
"Estava calor, a gente geralmente anda de ar condicionado. E, nesse momento, a gente abriu a janelas da van, todas as janelas, por conta dessa onda de explosão, que se por acaso a gente recebesse o impacto, se a gente tivesse passando e coincidentemente tivesse acontecendo um impacto de míssil próximo e essa onda atravessasse o vidro do carro. Isso pode causar muitas coisas se o carro tiver com os vidros fechados. Uma explosão nos vidros, os estilhaços podem ser fatais", disse em entrevista ao podcast O Assunto, da Globo, nesta quinta-feira, 26.
O brasileiro ainda contou que viu foguetes passarem por sua cabeça enquanto parou em um restaurante. "Aí, do nada, começou o Hezbollah a lançar foguete de uma posição atrás de onde nós estávamos. Não tão perto, mas os foguetes passaram pela nossa cabeça e em direção à Israel. Aí eu falei 'tem que sair daqui agora'. Porque é automático: eles lançam alguma coisa, Israel ataca esse lugar que foi que saiu."
Assim que deixou o local, Chain disse que viu um bombardeio: "Logo depois de 5 minutos, veio um bombardeio gigantesco, com certeza atingindo o local que tinha sido lançado. Aí, depois, veio outro bombardeio muito próximo, muito próximo. Muito próximo que eu digo, muito próximo, menos de 300 metros."
Gabriel Chain cobre guerras há mais de 10 anos. Ele também já esteve em conflitos na Ucrânia, na Síria, no Iraque e no Iêmen.
Israel x Hezbollah
O conflito entre Israel e o Hezbollah já forçou o deslocamento de mais de 90 mil pessoas no Líbano desde segunda-feira, 23, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Até agora, quase 600 pessoas foram mortas, incluindo 50 crianças e 94 mulheres. Cerca de 1,7 mil ficaram feridas em ataques em todo o Líbano, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (ENUCAH), com informações do Ministério da Saúde libanês.
A escalada da tensão teve início na semana passada, quando ocorreram explosões de pagers e walkie-talkies ao longo de dois dias seguidos no Líbano. Na ocasião, ao menos 37 pessoas morreram e mais de 2 mil ficaram feridas.
O Líbano e o Hezbollah, grupo que também atua como um partido político, responsabilizaram Israel pela explosão dos aparelhos.
Na quarta-feira, 25, o exército israelense disse que atingiu 280 alvos do Hezbollah no Líbano --um dos países mais densamente povoados do mundo, com aproximadamente 568 pessoas por m².
A capital Beirute, que concentra mais de 40% da população do país, é uma das áreas mais atingidas pelos ataques israelenses nos últimos dias. Outra região fortemente atingida é o sul do Líbano, nas províncias do Líbano Sul e Nabatiyeh, que abrigam 18% dos cidadãos libaneses.