Dong Jun, ex-comandante naval, foi escolhido como novo ministro da Defesa chinês nesta sexta-feira (29). O governo da China demitiu o antecessor do cargo, Li Shangfu, há cerca de dois meses sem uma explicação. A retirada ocorreu após uma ausência prolongada de Li da visão pública.
Poucas semanas antes do desaparecimento de Li do cenário público, o que ocorreu no final de agosto, Xi Jinping, que escolheu minuciosamente os ministros, convocou os principais líderes militares para uma reunião. Nesta, ele destacou a importância da lealdade política, da disciplina e da "liderança absoluta" do partido sobre as forças armadas.
O desaparecimento de Li tem gerado especulações sobre seu paradeiro, mas o governo chinês se recusa a dar explicações. Além disso, depois da sua ausência e posterior demissão, uma série de alterações no pessoal feitas sem uma explicação causaram desconforto nos escalões mais altos do país. Essa conjuntura incluiu a remoção do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Qin Gang em julho e a retirada de dois líderes da Força de Foguetes do Exército de Libertação do Povo Chinês (ELP).
As remoções repentinas suscitaram dúvidas sobre a governança de Xi, que tem tornado o sistema político chinês ainda mais opaco à medida que centraliza o poder e impõe uma forte disciplina partidária.
De acordo com o "Wall Street Journal", em setembro, autoridades teriam conduzido Li para um interrogatório, conforme relatado por uma fonte próxima às decisões na China. Já o "Financial Times" divulgou que o governo norte-americano acredita que o ex-ministro da Defesa chinês está sendo investigado, mas não especificou o motivo da investigação.
O novo ministro da Defesa chinês
Desde 2021, Dong era comandante máximo da Marinha do Exército de Libertação do Povo Chinês (ELP). Hu Zhongming, ex-comandante de submarino, foi anunciado como seu substituto ainda na segunda-feira (25).
Além disso, Dong já ocupou o cargo de vice-comandante no Comando do Teatro Sul do ELP, responsável por inspecionar as operações no Mar do Sul da China. Sob a liderança de Xi, Pequim tem demonstrado uma postura cada vez mais assertiva e expansiva, militarizando ilhas para consolidar seu poder na região, onde diversos países do Sudeste Asiático têm reivindicações.
Governo chinês alertou que "responderia resolutamente" à "grave violação da soberania chinesa" caso as Filipinas sigam em frente com os planos de construir uma estrutura permanente no recife Second Thomas Schoal, disputado por chineses e filipinos no Mar do Sul da China. pic.twitter.com/5XZcM0Wi3a
— Paulo Filho (@PauloFilho_90) December 29, 2023
Em suma, a função do ministro da Defesa na China é em boa parte cerimonial, representando publicamente a diplomacia militar com outros países. Diferente do secretário de Defesa dos EUA e de outros equivalentes internacionais, o ministro da Defesa chinês não detém autoridade de comando, pois essa responsabilidade está na Comissão Militar Central.
Contudo, o papel diplomático dessa figura não pode ser diminuído e a escolha de Dong pode contribuir para facilitar o contínuo processo de diálogo entre os Estados Unidos e a China em relação às questões de defesa.
* Sob supervisão de Cleber Stevani