O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi pretende criar um novo partido político, mas sem abrir mão de sua atual legenda, a conservadora Força Itália (FI), que faz parte de uma coalizão de direita com Matteo Salvini.
Fundar um movimento que dialogue com o centro moderado e seja uma alternativa à esquerda e à extrema direita é um sonho antigo de Berlusconi, que vê o FI encolher nas pesquisas.
Antes hegemônico na direita italiana, o partido do ex-primeiro-ministro perdeu espaço para a Liga, comandada por Salvini, e até para o pequeno Irmãos da Itália (FdI), que incorpora símbolos da extinta legenda fascista Movimento Social Italiano (MSI).
Em entrevista em julho, Berlusconi já havia adiantado que sua nova empreitada, chamada "Outra Itália", seria uma "federação de indivíduos que querem um centro moderado, mas inovador, alternativo à esquerda e podendo ser aliado, mas não subordinado, às outras forças de direita".
O projeto foi confirmado em uma entrevista ao novo livro do jornalista Bruno Vespa, que será lançado em 6 de novembro. "Quero criar dois ou três núcleos do Outra Itália em cada região, pegando o melhor das listas cívicas que se inspirem em nossos valores", disse.
Com isso, Berlusconi pretende reunir sob seu guarda-chuva listas de candidatos independentes em eleições regionais ou nacionais. "Seria uma estrutura jovem, federada ao Força Itália, mas sem papéis de proeminência de um sobre o outro. Daqui pode nascer meu sucessor", acrescentou.
O ex-primeiro-ministro fundou o FI no início dos anos 1990 e comanda o partido com mão de ferro desde então, o que desestimulou o surgimento de possíveis herdeiros políticos. Seu novo projeto será encabeçado pelo deputado Andrea Mandelli.
A iniciativa de Berlusconi acontece no mesmo momento em que o também ex-premier Matteo Renzi tenta consolidar seu novo partido de centro, o Itália Viva (IV), que busca inclusive atrair parlamentares do FI descontentes com seu presidente.
O IV, no entanto, ainda não decolou nas pesquisas e tem menos de 10% das intenções de voto. Ao contrário de Berlusconi, de oposição, Renzi faz parte do atual governo de Giuseppe Conte, mas ambos miram no mesmo eleitorado.