Em seu tradicional discurso de final de ano, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, frisou a enorme necessidade de paz no mundo, diante dos conflitos mundiais que não se encerraram em 2024.
"Mais do que nunca a paz grita por urgência. A paz que a nossa Constituição indica como objetivo irrenunciável, que a Itália sempre buscou, ainda mais diante do importante momento do país na presidência do G7. A paz da qual a União Europeia é uma histórica expressão", disse o chefe de Estado, que lembrou a morte de uma menina recém-nascida na Faixa de Gaza na noite de Natal.
"Na noite de Natal, espalhou-se a notícia de que uma menina de poucos dias morreu congelada em Gaza. Na mesma noite, ferozes bombardeios russos atingiram as centrais elétricas de cidades da Ucrânia para forçar a população civil à escuridão e à geada.
Pessoas inocentes foram raptadas pelo Hamas, e ainda reféns, vivem pela segunda vez um início de ano em condições desumanas", citou Mattarella.
Para o presidente italiano, a paz "não significa submeter-se à prepotência de quem ataca outros países com armas", mas é "a paz do respeito pelos direitos humanos, a paz do direito de cada povo à liberdade e à dignidade".
Mattarella também citou o caso da jornalista italiana Cecilia Sala, presa no Irã desde 19 de dezembro por "violar as leis islâmicas", segundo justificativa de Teerã mais de uma semana após a detenção da profissional, que estava no país a trabalho.
"Tantos jornalistas arriscam a vida para reportar o que acontece em guerras na Europa Oriental, no Oriente Médio e em outros lugares. Muitas vezes, pagam caro por um serviço que serve à comunidade", afirmou, acrescentando que "espera Sala na Itália o mais rápido possível".
O presidente também comentou sobre os fenômenos climáticos que atingiram a Itália e tantos outros países em 2024. No ano que se encerra, o Belpaese foi afetado por grandes enchentes.
Para Mattarella, saber que o mundo investe mais em armamentos militares do que em medidas contra as mudanças climáticas é "uma proporção desconfortante".
"O crescimento dos gastos com armamentos, desencadeado a nível mundial pela invasão da Rússia contra a Ucrânia atingiu este ano um valor recorde de US$ 2,4 bilhões. Oito vezes a mais do que foi atribuído à recente COP 29 para combater as alterações climáticas, uma necessidade vital para a humanidade", declarou o líder da República Italiana.
Mattarella lembrou que as enchentes na Itália "não são mais fatos isolados, e por isso devem ser prevenidas com cautela, eliminando as condições que causam desastres".
Outro ponto abordado no discurso presidencial foram os jovens e a violência em torno deles das mais variadas formas, como "bullying, brigas, uso de armas e drogas". "Precisamos ouvir seus desejos e dar respostas as suas exigências, as suas aspirações", pediu o chefe de Estado.
De acordo com o presidente, o "respeito é o primeiro passo para uma sociedade mais acolhedora, mais segura e mais humana".
Mattarella citou também a abertura do Jubileu 2025, que ocorreu na noite de Natal com o papa Francisco. "O Jubileu é um chamado para a esperança", afirmou.
Por fim, o presidente também citou o significado de patriotismo, que segundo ele, é "aquele dos médicos que trabalham no pronto-socorro em condições difíceis e de risco.
[Patriotismo] é o de nossos professores, que se dedicam com paixão à formação dos jovens, a quem trabalha com responsabilidade social, com profissionalismo e consciência, a quem se dedica ao voluntariado".
Após o fim do discurso de Mattarella, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, ligou para o presidente e disse ter apreciado "de modo pessoal e em nome do governo a mensagem de fim de ano".
"A premier apreciou a referência do presidente ao valor fundamental do patriotismo, como motor da ação quotidiana e do sentimento vivo que impulsiona o compromisso de quem serve a coisa pública e a comunidade nacional", afirmou o Palácio Chigi em nota. .