O príncipe Harry diz ter sido agredido pelo irmão, o príncipe William, em um livro de memórias com lançamento previsto para a próxima semana, de acordo com o jornal britânico The Guardian.
O jornal informou que Spare — em pré-venda no Brasil com o título O que sobra, pela Objetiva, do grupo Companhia das Letras — revela uma discussão entre os dois sobre a mulher do príncipe Harry, Meghan Markle.
"Ele me agarrou pelo colarinho, arrebentou meu cordão e me jogou no chão", escreveu o jornal The Guardian citando um trecho do livro em inglês, que pode ser traduzido assim.
A BBC News não teve acesso a uma cópia de Spare.
O livro de memórias só será lançado na próxima terça-feira (10/01), mas o Guardian disse que obteve uma cópia em meio ao que chamou de "segurança rigorosa pré-lançamento".
O Palácio de Buckingham ainda não respondeu a um pedido de comentário.
De acordo com o Guardian, Harry diz que a discussão foi provocada por comentários que o príncipe William fez em sua casa em Londres em 2019.
Ele conta no livro, segundo o jornal, que o irmão criticou seu casamento com a atriz Meghan Markle — a descrevendo como "difícil", "rude" e "cáustica".
O duque de Sussex (Harry) supostamente escreveu que seu irmão estava "repetindo como um papagaio a narrativa da imprensa" à medida que a discussão ficava mais acalorada.
E teria descrito então o que aconteceu a seguir, incluindo um suposto confronto físico.
"Ele botou [um copo de] água na mesa, me insultou verbalmente e veio até mim. Tudo aconteceu muito rápido. Muito rápido."
"Ele me agarrou pelo colarinho, arrebentou meu cordão e me jogou no chão."
"Caí na vasilha de comida do cachorro, que quebrou nas minhas costas, com os cacos me cortando. Fiquei ali por um momento, atordoado, depois me levantei e disse a ele para ir embora."
Martin Pengelly, o jornalista do The Guardian que escreveu a reportagem, disse que não abordou a equipe de comunicação do príncipe William.
O repórter afirmou que seu artigo é "uma reportagem sobre o livro de Harry, que ele escreveu, é o relato de Harry".
"Nós cuidadosamente, obviamente ao noticiar isso, não chamamos de briga porque Harry diz que não revidou", explicou Pengelly à BBC Radio 5 Live.
O príncipe Harry escreveu no livro que seu irmão o incentivou a revidar, e ele se recusou a fazer isso, de acordo com o Guardian — mas que o príncipe William mais tarde pareceu "arrependido e pediu desculpas".
Fotografias sugerem que o príncipe Harry usava regularmente um cordão escuro em eventos, como os Jogos Invictus e em compromissos internacionais com Meghan, até setembro de 2019.
Embora os editores da Penguin Random House ainda não tenham confirmado se os trechos vazados do livro são genuínos, o príncipe Harry falou recentemente sobre o relacionamento conturbado com o irmão.
No documentário Harry & Meghan , da Netflix, o príncipe Harry descreve uma reunião da qual participou com o irmão e o pai, o agora rei Charles 3º, no início de 2020.
Harry descreveu o encontro, que também contou com a presença da falecida rainha Elizabeth 2ª, como "aterrorizante".
"Foi assustador ver meu irmão gritando e berrando comigo, e meu pai dizendo coisas que simplesmente não eram verdade. E minha avó sentada em silêncio e meio que absorvendo tudo", disse Harry.
O Guardian afirma que, no livro de memórias, o príncipe Harry descreve um encontro com o pai, então príncipe de Gales, e o príncipe William após o funeral do avô, o príncipe Phillip, em abril de 2021.
De acordo com o jornal, Harry escreve que seu pai se colocou entre ele e o irmão e disse: "Por favor, rapazes, não tornem meus últimos anos um sofrimento".
Em um trailer de uma entrevista, que será transmitida no dia 8 de janeiro antes do lançamento do livro, o príncipe afirma: "Gostaria de ter meu pai de volta, gostaria de ter meu irmão de volta".
Mas o príncipe Harry diz ao apresentador Tom Bradby, do canal britânico ITV, que "eles não demonstraram absolutamente nenhuma vontade de se reconciliar" — sem deixar claro, no entanto, quem são as pessoas a que se refere.
O Palácio de Buckingham se recusou a comentar as declarações.
Acreditava-se inicialmente que o livro, escrito em parceria com o jornalista J.R. Moehringer e parte de um contrato multimilionário, estava sujeito ao sigilo máximo, com poucos detalhes conhecidos sobre seu conteúdo.
"Para Harry, esta é finalmente a história dele", disse a Penguin Random House em um comunicado divulgado em outubro.
"Com sua honestidade crua e inabalável, Spare é uma publicação histórica repleta de insight, revelação, autoanálise e sabedoria duramente conquistada sobre o eterno poder do amor sobre a dor."