O embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, estaria tentando convencer o governo brasileiro para zerar as tarifas de importação de etanol, com o argumento de que a medida poderia beneficiar a reeleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo publicação no jornal americano "The New York Times" desta sexta-feira (31), membros do comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos EUA revelaram "estar alarmados" com o caso e cobraram explicações do diplomata.
Em uma carta, o presidente do comitê, Eliot L. Engel, exigiu que Chapman prestasse esclarecimentos sobre "qualquer discussão" que tenha mantido com as autoridades brasileiras sobre as tarifas de etanol, depois que o jornal "O Globo" revelou o possível lobby.
Atualmente, o governo americano tem isenção para até 750 milhões de litros por ano. A partir desse número, a tarifa é de 20%. Segundo o colunista Lauro Jardim, o embaixador tem defendido que a mudança nas políticas comerciais de Jair Bolsonaro, apoiador declarado de Trump, poderiam ajudar o republicano em Iowa.
O estado de Iowa está entre os maiores produtores de etanol dos EUA e a votação da região pode ser fundamental na reeleição de Trump, já que a eliminação de tarifas daria ao seu governo uma vitória comercial para apresentar aos produtores de etanol em dificuldades na região.
De acordo com o jornal americano, o Comitê da Câmara está abrindo uma investigação para apurar o episódio. O Departamento de Estado, por sua vez, disse em um comunicado por e-mail que "as alegações sugerindo que o embaixador Chapman pediu aos brasileiros que apoiem um candidato específico dos EUA são falsas".
A declaração ainda reforçou que "os Estados Unidos há muito se concentram na redução de barreiras tarifárias e continuarão a fazer isso".
O documento da Câmara, porém, pede que Chapman "apresente cópias completas e sem supressões de todo e qualquer documento relacionado a qualquer discussão" realizada "com funcionários do governo brasileiro, nos ramos Executivo e Legislativo, sobre tarifas de etanol, para assegurar ao Congresso e ao povo americano que nosso embaixador no Brasil está realmente representando os interesses dos Estados Unidos e não os interesses políticos do presidente Trump".