A Espanha criticou a "cumplicidade silenciosa" de algumas nações com a crise ambiental global, disse que a cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, que o país sediará, não pode ser tratada como uma "feira de negócios" e afirmou que não tem sido fácil lidar com o Brasil sobre o tema nos últimos anos.
Diante dos incêndios florestais que ardem dos Estados Unidos à Austrália e das inundações na Europa, todos ligados à mudança climática, aumenta a pressão pública para que governos encontrem soluções urgentes na cúpula da ONU em Madri entre os dias 2 e 13 de dezembro.
A ministra da Energia interina da Espanha disse à Reuters que os delegados precisam combinar entusiasmo com propostas críveis para implantar o pacto de Paris sobre o limite de emissões e que sejam suficientes para limitar o aumento das temperaturas a 1,5-2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
"Isto não é uma feira de negócios, uma exibição de quem está fazendo mais, trata-se de consolidar o que está feito para se poder fazer mais", disse Teresa Ribera em seu ministério em Madri.
"Infelizmente, aqueles que fazem progresso são mais criticados do que as pessoas que silenciam", disse a ministra de 50 anos, que comandou o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais, sediado na França, antes de assumir a pasta no governo do socialista Pedro Sánchez.
"A pior coisa em uma situação como a nossa é a cumplicidade silenciosa. E ela está em toda parte."
Para frustração dos ativistas ambientais e muitos cientistas, existe uma discórdia nos altos escalões globais a respeito das causas e soluções do aquecimento ambiental.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a retirar os EUA do Acordo de Paris, e o presidente Jair Bolsonaro vem sendo criticado pela aceleração da destruição da floresta amazônica.
"Não tem sido fácil trabalhar com o Brasil neste assunto em anos recentes", admitiu Ribera, alertando que perder a cobertura vegetal da Amazônia seria uma "bomba de carbono" para o mundo.
"Mas as coisas estão mudando, e existe uma reação com a qual precisamos trabalhar."
A China, a maior emissora de carbono do mundo, não fez nenhum comunicado contra o Acordo de Paris, mas está reativando projetos de novas usinas a carvão, disse ela.