“Americano não vê telejornal, vê esporte na TV”, afirmou o correspondente da Globo e GloboNews em Nova York, Jorge Pontual, no ‘Edição da Meia-Noite’ do canal de notícias. Ele disse que por lá a audiência média dos principais telejornais não passa de 5 milhões de telespectadores, índice baixíssimo diante de mais de 300 milhões de habitantes.
O comentário foi feito após o âncora Erick Bang questionar se o público americano tinha conhecimento da presença de Jair Bolsonaro na Big Apple e do fato de o presidente do Brasil não ter sido vacinado e, por isso, estar proibido de entrar em restaurantes da cidade. Horas antes, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse numa conferência de imprensa que Bolsonaro não era bem-vindo por não ter sido imunizado.
Pontual explicou que parte da imprensa noticiou sobre a chegada de Bolsonaro para participar da Conferência Geral da ONU, porém, não há expectativa de que o discurso do brasileiro ganhe espaço na TV americana. “Vão mostrar o (Joe) Biden, talvez o iraniano...”, disse o correspondente. Nos Estados Unidos, portais de notícias deram mais destaque a Bolsonaro do que as redes de televisão.
Principal emissora de viés progressista, a CNN citou o brasileiro em matéria no seu site. “Jair Bolsonaro, que como presidente do Brasil cumprirá a tradição de fazer o primeiro discurso da Assembleia, vai desrespeitar a determinação do organismo mundial que pede a vacinação de todos os inscritos no plenário da ONU”, diz trecho.
O noticiário local da ABC em Nova York mostrou Bolsonaro por alguns segundos em uma reportagem sobre os preparativos para o encontro de chefes de Estado e a preocupação de que o evento se torne um “super propagador” do coronavírus. O presidente do Brasil será o único não-vacinado entre os 20 líderes do G20 a participar da Assembleia Geral da ONU.
No Brasil, o ‘Jornal Nacional’ dedicou 4 minutos à viagem de Bolsonaro na edição de segunda-feira (20). O correspondente Tiago Eltz narrou a foto viralizada do presidente comendo pizza numa calçada, revelou que o Hotel InterContinental permitiu que ele tomasse café da manhã no salão com os demais hóspedes mesmo sem comprovante de vacinação e mostrou a reunião bilateral com o primeiro-ministro britânico.
“Boris Johnson fez elogios à vacina da AstraZeneca Oxford, desenvolvida no Reino Unido. Johnson disse que todos deveriam tomar o imunizante e que ele mesmo já tomou as duas doses. Jair Bolsonaro então fez ‘que não’ com o dedo e disse ‘ainda não’”, contou Eltz. O repórter informou ainda que um integrante da comitiva de Bolsonaro testou positivo para a covid-19, sem revelar a identidade da pessoa.