Após 35 anos nos EUA, casal colombiano é deportado sem chance de despedida

Gladys e Nelson Gonzalez viviam sob ordem de supervisão desde 2000 e tentavam se legalizar, mas foram detidos em um tribunal de imigração

26 mar 2025 - 16h52
(atualizado às 16h52)
Resumo
Após 35 anos nos EUA, o casal Gladys e Nelson Gonzalez foi deportado para a Colômbia, mesmo tendo construído uma vida na Califórnia e enfrentado fraudes e anos de tentativas frustradas de regularização migratória.
Casal tentou se legalizar por décadas, esbarrando em fraudes e tentativas frustradas
Casal tentou se legalizar por décadas, esbarrando em fraudes e tentativas frustradas
Foto: Reprodução/Redes sociais

Depois de 35 anos vivendo nos Estados Unidos, Gladys e Nelson Gonzalez foram deportados para a Colômbia sem ter a chance de se despedir da família. O casal, que chegou ao país em 1989 sem autorização, construiu sua vida na Califórnia, onde criaram três filhas e participaram ativamente da comunidade. Apesar de anos tentando a regularização, esbarraram em um sistema que, segundo a defesa, falhou com eles.

"Por quase quatro décadas, eles construíram uma vida aqui – criando três filhas, retribuindo à comunidade e, recentemente, recebendo o primeiro neto", escreveu Stephanie Gonzalez, filha do casal, em uma página de arrecadação de fundos. "Agora, estão sendo tratados como criminosos."

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Conforme a CNN, a prisão aconteceu em 21 de fevereiro, quando Gladys e Nelson compareceram a um tribunal de imigração em Santa Ana, como faziam desde 2000. Dessa vez, no entanto, foram algemados e levados sob custódia federal, onde permaneceram por três semanas antes da deportação.

Anos de tentativas frustradas

O casal chegou aos Estados Unidos fugindo da violência na Colômbia, país que, na época, era considerado um dos mais perigosos do mundo devido ao narcotráfico. Sem visto, solicitaram asilo, mas tiveram o pedido negado em 2000.

A partir de então, receberam uma ordem de saída voluntária, que permitia que deixassem o país por conta própria para evitar uma deportação formal. No entanto, acreditaram que poderiam recorrer da decisão e continuar buscando um caminho para a legalização.

De acordo com a advogada Monica Crooms, que acompanha o caso desde 2018, Gladys e Nelson foram vítimas de fraude migratória nos anos 1990. "O primeiro 'advogado' deles nem sequer era advogado e desapareceu com o dinheiro. Depois, os outros advogados que contrataram foram cassados", afirmou.

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Durante décadas, tentaram diversas vias legais para permanecer nos EUA, gastando milhares de dólares em processos e apelações. Em 2022, a Corte de Apelações do Nono Circuito rejeitou o último recurso da família, encerrando suas chances de permanecer no país.

Desde 2000, os Gonzalez viviam sob uma ordem de supervisão, que exigia check-ins regulares com autoridades migratórias. Até então, nunca haviam sido detidos, mas a recente mudança nas políticas migratórias levou a um desfecho inesperado.

A deportação aconteceu sem aviso prévio. "Tivemos que buscar o carro deles no estacionamento e nem conseguimos nos despedir", lamentou Stephanie.

Enquanto aguardavam a remoção, Gladys e Nelson foram mantidos separados em centros de detenção na Califórnia, Arizona e Louisiana. A advogada revelou que o processo atrasou devido a um erro do governo. "O Departamento de Segurança Interna perdeu os passaportes deles", disse. O casal só foi enviado à Colômbia após a emissão de novos documentos de viagem pelo governo colombiano.

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Agora, os filhos arrecadam fundos para ajudá-los a reconstruir a vida no país natal. Até o momento, conseguiram US$ 65 mil para cobrir despesas básicas e custos advocatícios. No entanto, segundo a legislação dos EUA, Gladys e Nelson não poderão retornar por pelo menos dez anos.

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"Meus pais amavam este país, sacrificaram todo o dinheiro que tinham para tentar obter a cidadania, mas foram traídos pelo sistema", afirmou Stephanie. "Eles deveriam, no mínimo, ter tido a dignidade de organizar suas coisas e voltar por conta própria para um país onde não vivem desde os anos 1980, em vez de serem jogados em um centro de detenção, que nada mais é do que uma prisão."

Fonte: Redação Terra
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