Assange gera tensões no Equador sobre asilo de Snowden, diz jornal

28 jun 2013 - 15h37
(atualizado às 15h50)
<p>Julian Assange está refugiado na embaixada do equador em Londres desde junho do ano passado</p>
Julian Assange está refugiado na embaixada do equador em Londres desde junho do ano passado
Foto: AFP

O papel desempenhado pelo fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, sobre o caso do ex-técnico da CIA Edward Snowden gerou tensões dentro do governo do Equador que dificultaram o processo e reduziram as possibilidade de concessão de asilo político ao americano, publicou nesta sexta-feira o jornal The Wall Street Journal.

De acordo com correspondências trocadas por membros da diplomacia equatoriana, às quais o jornal teve acesso, alguns funcionários do Equador mostraram estar preocupados com o fato de Assange, que está há mais de um ano refugiado na embaixada do país em Londres, aparecer como mediador das negociações.

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"Deveríamos falar com Assange para que haja um controle melhor das comunicações. Para quem está de fora, parece que é ele que está 'comandando o espetáculo'", escreveu Nathalie Cely, embaixadora do Equador em Washington, em correspondência enviada ao porta-voz da Presidência Fernando Alvarado.

Em outra correspondência, desta vez enviada para o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, o fundador do WikiLeaks pede desculpas "caso tenha gerado, inconscientemente, uma situação de mal-estar no Equador por causa de Snowden".

Assange afirmou, no fim de semana passado, que Snowden está no aeroporto de Moscou desde o último domingo e pretendia pedir asilo à Quito.

Edward Snowden é acusado de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo dos EUA
Foto: AP

O canal de televisão americano em espanhol Univisión, também revelou a existência de um documento assinado pelo cônsul do Equador em Londres, Fidel Narváez, no qual a "permissão de passagem" era concedida a Snowden para que pudesse chegar ao país.

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A autenticidade deste documento, no entanto, foi rapidamente posta em dúvida pelo governo do Equador.

O próprio presidente do país, Rafael Correa, afirmou ontem que mesmo que o documento existisse, não teria validade alguma.

"De que vale um salvo-conduto emitido por um cônsul em Londres para alguém que viajou de Hong Kong para Moscou? Nada", disse o presidente.

Além disso, Correa disse que a situação de Snowden - que confirmou em Hong Kong ter revelado à imprensa programas secretos de espionagem do governo dos EUA - é "complexa" e não quis dizer se tem intenção de conceder asilo político ao americano.

O Departamento de Estado dos EUA garantiu por meio de um porta-voz que se o Equador conceder asilo a Snowden isso "resultaria em graves dificuldades" para as relações bilaterais.

  
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