Ativistas haitianos pedem que EUA suspendam deportações

19 fev 2015 - 21h29
(atualizado às 21h29)

Wildrick Guerrier, um refugiado do devastador terremoto que atingiu o Haiti em 2010, morreu numa prisão haitiana em 2011, 10 dias após os Estados Unidos revogarem sua permissão temporária para ficar no país e deportá-lo junto a outros 26 homens.

Haitianos caminham por uma das principais ruas comerciais durante um protesto contra o governo, em Porto Príncipe, no Haiti. 09/02/2015
Haitianos caminham por uma das principais ruas comerciais durante um protesto contra o governo, em Porto Príncipe, no Haiti. 09/02/2015
Foto: Andres Martinez Casares / Reuters

Um relatório divulgado nesta quinta-feira por centros de Direito das universidades de Miami e Chicago descreve como Guerrier, de 34 anos, morreu de cólera na prisão haitiana após ser exposto a sangue, fezes e vômito.

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No relatório, juristas e ativistas haitianos pediram ao Departamento de Segurança Interna dos EUA para suspender sua política de deportação de haitianos condenados por duas contravenções ou um crime.

O documento diz que pelo menos 1.500 homens e mulheres foram deportados nos últimos cinco anos. Alguns tiveram a permissão revogada depois de cometerem erros relativamente pequenos, como não devolver um carro alugado no tempo adequado ou dar informação falsa a agentes da polícia, disse Geoffrey Louden, da Clínica de Direitos Humanos da Escola de Direito da Universidade de Miami.

Enquanto alguns deportados foram condenados por crimes violentos, Louden disse: "Muitos são residentes permanentes legais de longa data com profundos laços familiares que se sentem estranhos em uma terra estranha."

Guerrier foi deportado depois de ser preso por posse ilegal de arma de fogo e agressão a um agente da lei.

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O relatório também pediu aos EUA para estender a condição de proteção temporária aos haitianos para além de 2016, ano em que deve expirar.

A agência norte-americana responsável pela imigração e alfândega afirmou em comunicado que as autoridades têm trabalhado com o governo haitiano e outros parceiros "para retomar as remoções de modo seguro, humano e minimamente perturbador quanto possível."

O órgão acrescentou que também está trabalhando "para desenvolver uma estratégia de reintegração abrangente que englobe uma gama de serviços para os haitianos que voltam ao país e suavizar a sua transição para a sociedade haitiana, incluindo a assistência de saúde e treinamento".

O Haiti ainda se recupera cinco anos após um terremoto de magnitude 7 destruir grandes áreas da capital, Porto Príncipe. O surto de cólera que começou pouco depois mergulhou o país em mais miséria.

Recentemente, o Haiti tem sido inundado com protestos contra o aumento dos preços da gasolina e bloqueios de estradas sob o governo do presidente haitiano, Michel Martelly.

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Ativistas disseram que as deportações pesam sobre as famílias, forçando adolescentes e jovens adultos que deveriam estar na escola a se tornar chefes de família e cuidadores.

"Estamos tentando construir a fundação de uma comunidade sobre a qual possamos ter algum otimismo", disse a proeminente autora haitiana Edwidge Danticat. "Essas deportações estão tornando isso impossível."

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